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Opinião

País do Estado da Nação

EDITORIAL

A educação é outra das bandeiras mais desfraldadas neste País do Estado da Nação. Quem aqui viver não vai precisar de mandar os miúdos estudar para o estrangeiro cada vez mais cedo, a partir do 9.º ano, como acontece com milhares de famílias angolanas que têm essa capacidade, inclusive vai poder fazer os estudos universitários ao pé da família.

Já decidi, eu quero ir viver no País do Estado da Nação. Fiquei maravilhado e posso garantir que já me estou a mexer no sentido de saber onde se fazem as inscrições, que documentos temos de entregar e as datas previstas para que possamos fazer a mudança. Resta-me apenas algumas informações sobre a localização do território, para estudar o clima e saber que tipo de roupa devo levar.

Aconselho mesmo os governantes, dirigentes partidários, empresários e outros afortunados que compraram ou estão a pensar comprar casas em Portugal, Espanha ou Dubai, a desviarem os seus investimentos para este País do Estado da Nação. Podem passar aqui a vossa velhice em vez de estarem a preparar-se para juntar a família fora das nossas fronteiras. Não tenho informação sobre o preço do imobiliário neste território, mas não deve ser nada de proibitivo.

Pelo que percebi, houve uma evolução brutal no sistema de saúde deste país, os hospitais são modernos e equipados, médicos e enfermeiros em número suficiente para atender a população, qualidade do sistema nacional, e ainda existem mais projectos. Por isso, caríssimos compatriotas mais mediáticos, importantes e abastados, têm aqui uma melhor solução do que embarcar para o estrangeiro sempre que têm alguma dor de cabeça. As clínicas portuguesas, brasileiras e sul-africanas vão deixar de atender a elite angolana e, objectivamente, sem querer ferir susceptibilidades, vamos ter menos cidadãos destacados da nossa sociedade a morrer em Portugal, Espanha ou África do Sul.

A educação é outra das bandeiras mais desfraldadas neste País do Estado da Nação. Quem aqui viver não vai precisar de mandar os miúdos estudar para o estrangeiro cada vez mais cedo, a partir do 9.º ano, como acontece com milhares de famílias angolanas que têm essa capacidade, inclusive vai poder fazer os estudos universitários ao pé da família. Formar-se e ter uma licenciatura respeitada e aceite no mercado de trabalho, porque como foi dito existem 106 instituições de ensino superior. O sector social também é sempre o que recebe mais dinheiro.

Também neste País do Estado da Nação não existe pobreza, a palavra foi dita apenas uma vez, fome, desemprego ou corrupção, que nunca foram citadas em 3 horas e 15 minutos de apresentação. Também é o país onde não são necessárias autarquias para garantir o desenvolvimento regional e o crescimento das províncias, onde o ambiente está no centro das políticas públicas, e onde a tensão social não é problema para quem governa. Por isso tudo, já decidi. Eu quero ir viver para o País do Estado da Nação.

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