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"Gostaria de comemorar os 50 anos de Angola como o cidadão mais livre"

MUSSUNDA NZOMBO - ARTISTA VISUAL

Mussunda Nzombo considera-se um homem de várias artes, foi na dança que começou, mas é a performance que mais contribui para a sua estabilidade pessoal. Ao Expansão, o artista fala da Angola que idealizou para 2075, assim como do seu filme "Sabes quem eu sou?", que estreia no próximo ano.

Como é que define a sua arte, a sua profissão?

Sou um homem multifacetado, porque interpreto várias personagens de mim próprio. A minha arte tem um carácter simples, tem um carácter efémero. A minha arte tem uma vantagem, uma desvantagem, tem uma riqueza e uma pobreza. Quem viu, viu no momento, quem não viu, não viu. Este é o poder da performance, e talvez também a pobreza da performance, não é uma arte como o teatro ou a televisão onde está tudo plasmado. A performance é efémera, é o momento que estás a interpretar, não tenho alguém a dizer que tenho um stop, então tem esse carácter efémero, porque dificilmente consigo repetir. Ou então faço duas, três performances do mesmo formato.

Que análise faz do mercado nacional das artes?

Sou um artista visual, o meu perfil é a performance. Além de trabalhar com fotografia, cinema e televisão. O mercado das artes tem crescido. Não digo que é o melhor mercado das artes, no momento, poderia ser muito melhor. As galerias que são responsáveis também pela comercialização e divulgação dos trabalhos não são tantas, não temos muitas distribuídas também pelo País, é quase uma concentração de um nicho que se encontra em Luanda. Falando da minha própria arte, não é a primeira vez que digo isso, o mercado galerista e curatorial ainda não tem uma opção primária para a performance.

O que é que falta de concreto?

A opção primária para as galerias é a pintura. Nós, como performance, não somos a opção primária para a galeria. Foi daí que percebi que em Angola não se compra performance, quem compra performance são as entidades estrangeiras ou externas.

Entidades colectivas ou individuais?

São as instituições. Por exemplo, tive uma apresentação no dia da Europa, onde fiz um discurso como chanceler de África. Discursei no Parlamento Europeu, fiz o meu discurso, o meu manifesto da desigualdade, da cooperação internacional entre um continente e o outro, a melhoria, o regresso do nosso arsenal cultural ou artístico que se encontra no continente europeu, que também é necessário negociarmos isso. Como artista tenho esta liberdade de poder manifestar o que um político talvez não faça.

O artista tem essa liberdade.

Sim, o artista tem essa liberdade. Quando esteve cá a chanceler alemã fui um dos convidados, entre 30 personalidades angolanas e apresentei-me como um presidente em 2075. Apresento-me sempre com as minhas performances. Disse que Angola não compra performance.

O que está na origem disso?

É também a falta de cultura, porque ainda não é uma disciplina artística evidente. Não quero dizer que sou o proeminente nessa disciplina, como têm dito, mas digo que tenho apostado muito nisso. Eu próprio autofinancio as minhas performances e hoje quando o mundo diz performance, está logo focado em mim. São as instituições que pagam porque são personagens e estruturas que exigem muitos custos.

"O futuro na lista de espera" é um trabalho recente?

Foi o último trabalho que apresentei na Alemanha, no dia 4 de Outubro, a segunda parte do "Futuro na lista de espera fora de Angola".

Leia o artigo integral na edição 801 do Expansão, de sexta-feira, dia 08 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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