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Kukubela surge como "sala de aula" virtual de línguas nacionais

ANTÓNIO NICOLAU- CRIADOR DA PLATAFORMA

De uma necessidade individual surgiu o aplicativo onde se pode aprender quatro línguas nacionais. Com 24 anos, o entrevistado entende que a continuidade dessas línguas depende desta geração de jovens. Ao Expansão, revela que dos 900 alunos que participam nas aulas, diariamente, parte vivem fora do País.

Como surge a ideia de criar o Kukubela?

A ideia de criar o Kukubela partiu de uma necessidade pessoal. Eu falo inglês, posso dizer fluentemente, mas surgiu a necessidade de aprender alguma língua nacional, no caso o Kimbundu, que é a língua dos meus pais. Então, ao tentar estudar de forma autodidata, notei haver poucos conteúdos no YouTube, os livros são um pouco caros, comprei um a 10 mil Kz e queria comprar um outro que custa 14 mil Kz, pelo que considerei puxado o preço. Então, fiz informática e sei programar, decidi criar um aplicativo para eu próprio aprender. Após criar o aplicativo, percebi a necessidade, não só do País, mas de África, da transmissão das línguas nacionais, uma vez que nota-se o desaparecimento das nossas línguas. Então, surgiu a necessidade de criar uma empresa especializada no ensino de línguas nacionais, mas no formato digital, por meio de uma plataforma, com aulas de maneira simples e prática e com várias formas de memorização.

Quando é que criou a plataforma?

O lançamento do Kukubela foi em Setembro de 2023, já existe há um ano.

Tem muitos alunos inscritos para aprenderem línguas nacionais?

Na semana passada atingimos a marca de 10 mil alunos registados na plataforma, dos quais temos uma média de 900 estudantes diariamente.

Quais são as línguas disponíveis na plataforma?

Actualmente temos quatro. Temos o Umbundu, Kimbundu, Kikongo e o Tchokwe.

O que significa Kukubela?

Kukubela significa comer farinha com as mãos. Na fase inicial procurei um nome que fosse nacional, que tivesse algum significado ligado ao ensino. Então procurei no dicionário de Kikongo, encontrei a palavra nkukula, que significa fluência. Então tirei o kuku e o bela do português e deu o Kukubela. Posteriormente, após ter contratado um professor de Kimbundu para a empresa descobri que a palavra existe em Kimbundu e pode significar comer farinha com as mãos.

Como é feita a selecção dos professores?

Os professores são, na sua maioria, formados em línguas africanas e foram contratados pela nossa empresa. São líderes de comunidades nas redes sociais e é lá onde os encontrei.

E como é que funciona a plataforma? O material é texto ou vídeo-aula?

O formato do Kukubela até ao momento é texto e áudio. A plataforma tem aulas para treinar a pronúncia, onde aparece a palavra na língua nacional, o seu significado em português, e um áudio mostrando a pronúncia. E isso vai desde aulas simples até aos conceitos gramaticais.

Existe um calendário de aulas?

Sim, temos um programa de aulas já bem estabelecido, no qual os professores recebem, preparam as aulas que são inseridas na plataforma. Mas, a partir do próximo ano, viremos com conteúdos mais dinâmicos. Pretendemos trazer para a plataforma entrevistas com os nativos, no caso com os nossos mais velhos, saber mais sobre as línguas.

O aluno tem um período de aprendizagem ou vai aprendendo até entender e ficar fluente na língua?

Vai aprender até ao seu limite. A ideia do Kukubela surge também pela escassez de centros de línguas nacionais. E dos pouco que existem, os preços aplicados são caros para a realidade económica do País. A nossa ideia é removermos a necessidade de a pessoa ter que fazer um curso convencional, no caso um presencial. Então nós vamos tocar em todo o aspecto linguístico. Temos uma série de temas e o aluno vai estudando até não poder mais.

Quanto custa fazer o curso na plataforma?

Nós temos quatro línguas nacionais e pretendemos ter todas as línguas de Angola e de África como um todo na aplicação e a nossa assinatura na plataforma não é para uma única língua, mas para todas. Para ter acesso à plataforma, o aluno tem três opções, o plano mensal (1.000 kz), semestral (6.000 Kz) e anualmente (10.000 Kz).

Leia o artigo integral na edição 800 do Expansão, de sexta-feira, dia 01 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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