"Nós os actores precisamos de outros agentes e de meios para desenvolvermos o nosso trabalho"
Com a sua primeira participação numa longa-metragem, Cláudia Púcuta já arrebatou dois prémios, com a personagem Domingas. Para a Melhor Actriz da África Austral 2023, a indústria cinematográfica pode ser um contribuinte do PIB nacional, porém é preciso que os órgãos competentes criem políticas para ajudar como se fez em outros países.
Como e quando surgiu a paixão pelo teatro?
Foi no grupo Grutij, a convite do director Honório Afonso.
O que significa para a sua carreia o prémio de Melhor Actriz da África Austral 2023?
Significa que tenho que continuar a trabalhar com o mesmo rigor, dedicação e compromisso para atingir outros objectivos.
Acha que esse reconhecimento internacional venha a ter impacto na forma como o cinema é visto no país?
Espero que tenha, por ser a primeira vez que Angola participou no concurso em 8 edições já realizadas dos prémios Sotigui no Burkina Faso, e na nossa estreia saímos como vencedores.
Com a "Domingas", do filme "Nossa Senhora da loja do Chinês" venceu a segunda edição do Festival Unitel Angola Move 2022. Durante a sua carreira, esta é a personagem que mais deu prémios?
Até agora sim, a personagem "Domingas", do filme "Nossa Senhora da Loja do Chinês" é a mais premiada, e dizer que é com Ela que eu fiz a minha estreia no cinema em longas- -metragens.
Qual é o papel da "Domingas" no filme "Nossa Senhora da Loja do Chinês?
A Domingas é uma mãe que procura respostas pela morte prematura da sua única filha, recorrendo a várias práticas para decifrar a mensagem que ela acredita que a filha quer- -lhe passar por meio de uma infiltração de água no tecto da sua casa. E ainda tem que cuidar do marido doente que ela acredita ser ele o causador de todo o sofrimento dela.
Esta personagem exigiu alguma coisa que nunca fez antes?
Todas as personagens exigem sempre alguma coisa que nunca fiz antes. E é preciso sempre uma preparação. Os aspectos físicos e psicológicos da personagem ajudam bastante na altura da construção da mesma.
Como caracteriza o cinema nacional?
Actualmente estamos numa nova era, em fase de renascimento e em crescimento com o surgimento de uma nova geração de cineastas e de produtoras.
Outros países como a Nigéria, África do Sul e o Gana têm uma indústria cinematográfica muito desenvolvida, que por sua vez emprega muitas pessoas e têm uma participação no PIB nos seus países. É possível sonharmos com este nível?
Sim! É possível sonharmos e, porque não tornarmos esse sonho em realidade. Mas para tal é preciso que os órgãos competentes criem políticas para ajudar como se fez na Nigéria e em outros países. Não foi da noite para o dia, mas foi com envolvimento das duas partes e as políticas foram criadas, e hoje a indústria cinematográfica nesses países têm a sua participação no PIB de forma activa.
O quê que nos falta? É só dinheiro?
Falta tanta coisa... É claro que o dinheiro é sempre essencial para a produção.
Em termos de escola, o que falta nos actores nacionais?
Pedem tanto de nós, e esquecem que nós, os actores, precisamos de outros agentes e de meios para desenvolvermos o nosso trabalho...
Podemos esperar actores angolanos em Hollywood?
Sim, com certeza. Temos muitos bons actores e actrizes aqui em Angola.
É possível um filme render para um investidor? Como?
O filme quando é lançado normalmente o lucro é maior que o custo e quem investe também terá uma parte deste lucro. Rara são as vezes que os filmes têm um baixo rendimento... E quem investiu terá a sua parte nos lucros conseguidos com o filme.
Leia o artigo integral na edição 756 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Dezembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)