"O Estado deve criar condições para os actores trabalharem e pagarem impostos"
Actor com mais de 25 anos de experiência, tornou-se conhecido com o personagem de "Kizua" no programa "Conversas no Quintal" da TPA. Na ausência de trabalhos regulares, criou o personagem "Chocapik" e passou a fazer conteúdos cómicos nas redes sociais.
É um Actor de referência com uma vasta experiência no teatro e na televisão. Mas nos últimos meses virou-se para uma nova forma de fazer arte, que é produzir vídeos engraçados para a internet. É um novo desafio que decidiu abraçar?
Sim, é um novo rumo. Estou a visitar outras casas, a desenvolver outras facetas da arte de representar.
O que quer dizer?
Nos últimos tempos temos vindo a reclamar da ausência de espaços para fazermos o nosso trabalho no teatro. Não tendo palcos suficientes para mostrarmos aquilo que sabemos fazer, então tive a oportunidade de abraçar um outro espaço não físico mas digital, que abraça todas as nossas iniciativas como artista.
É uma forma que arranjou para ressurgir, uma vez que andou algum tempo ausente da representação?
Sim, andei algum tempo a fazer pesquisa para saber como podia inserir-me neste espaço digital, encontrei várias formas e a que prevaleceu é a representação. Daí decidi criar um personagem no digital para dar resposta aos meus seguidores, amigos e fans, que sempre reclamaram da minha ausência em alguns espaços do teatro.
Como é que está a ser esta nova experiência?
É uma experiência muito interessante, mas submete-nos a muitos desafios porque no teatro eu estou habituado ao calor humano, presença física e a interacção que existe entre o actor e o público. No digital é muito diferente, as reacções são virtuais e vêm de tão longe que não imaginas.
Que objectivos tem com este projecto?
O objectivo é sempre o mesmo, trazer um conforto a nível da cultura, da representação e da arte. Quando pensei em criar um personagem e direccional para o digital, eu pensei desde logo que tinha que ser algo que agregue valor. Dai nasceu o Barbeiro Romântico "Chocapik", um personagem que aborda vários temas dentro de uma barbearia.
De quem foi a ideia?
Pensei o personagem sozinho. Mas claramente que fui buscar inspirações em outros "mundos" uma vez que não vivemos só das nossas imaginações. Obviamente que tenho sempre a colaboração e sugestão de alguns colegas para que a personagem possa crescer mais e trazer coisas novas.
Como é que podemos classificar o que faz. É humor, teatro ou comédia?
É comédia. É um conjunto de factos cómicos transformados em representação. É basicamente como um Conversas no Quintal que foi levado ao digital, mas com uma personagem e vários convidados.
Considera-se um humorista?
Não! Não porque eu não sou. Temos muito bons humoristas e meter-me neste caminho seria extremamente difícil. Coloco-me sempre na posição onde sempre estive, de ser actor.
É por isso que tem tatuado no seu braço máscaras de teatro?
A tatuagem já era um sonho de há muitos anos e sempre queria colocar algo que ligasse o meu corpo, o meu sangue, a minha alma, a algo que me representa. Mas fui analisando e conclui que o teatro é a arte que me representa e por isso decidi tatuar o símbolo do teatro.
Mas vejo mais coisas além de duas máscaras...
Sim... temos aqui a máscara do teatro, duas imagens que representa um rosto sorrindo que representa a comédia, o humor, a sátira. Outro rosto um pouco mais triste representa o drama, a tragédia, a sátira sarcástica.
E outros instrumentos reflectidos no desenho?
Tenho aqui a claquete tatuada porque desde os meus 11 anos o que mais ouvi foi o som dela, "acção", e depois tenho aqui a minha data, 1997, ano em que comecei a fazer arte.
Sabemos que o actor não vive apenas de aplausos e elogios. O que ganha com o trabalho que faz nas redes sociais?
Hoje em dia, felizmente já se ganha com as redes sociais. Existem marcas que estão mais viradas aos influencers ou para aquelas pessoas mais notáveis nas redes sociais. Estas marcas procuram juntar-se a este actor, pessoa, ou influencer para representá-los em publicidades, carregar a marca em alguns eventos e comigo não é diferente.
Leia o artigo integral na edição 793 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)