"O meu conceito é fazer documentos, por via da fotografia, para o País"
Com 15 obras expostas no Palácio de Ferro, o fotógrafo traz várias personagens desconhecidas de Luanda para uma reflexão. Ao Expansão, Dralton revela que tem também 29 obras expostas "Rostos da Francofonia" no quintal da Alliance Française de Luanda que ficam patentes até 5 de Outubro.
"Desconhecidos" é o título da sua exposição. Porquê?
Desconhecidos são pessoas que fazem parte da sociedade, que prestam contributos para a sociedade e que ainda assim não são valorizados, daí o nome, Desconhecidos. Somos nós que fazemos parte da sociedade e não temos reconhecimento algum.
Faz referência a um a pessoa em concreto?
Falo de mim mesmo. Passei por situações que me remeteu a este pensamento, desconhecido, e daí passei a viver a vida de outras pessoas. Na verdade, dei-me conta que "Desconhecido" não é apenas eu, somos todos. E quais são essas situações? Muitas delas existem nas profissões. Na própria existência do homem como tal. No estilo de vida. Em tudo que faça parte da sociedade.
Antes de ser artista, o que é que fazia?
Sempre fui uma pessoa normal, mas, não sei se já me considero artista. Na verdade, não é um objectivo a atingir. Sou uma pessoa normal da sociedade, porém fui ganhando ligação com a vida muito cedo, que me levou a seguir certos caminhos até me tornar fotógrafo. Comecei com a fotografia como modo de sobrevivência, porque não tinha outra coisa para fazer. Recebi conselhos de amigos que também estavam a entrar no ramo da imagem. Aceitei e apaixonei- -me por esta profissão. Por isso, digo apenas que sou fotógrafo.
Há quanto tempo é que faz fotografia?
Profissionalmente comecei há quase 10 anos. Comecei no Palácio do Ferro, no final de 2015, mas antes disso trabalhava para a Giant Sables Entertainment Media, que produziu o filme Santana, da autoria de Marado na Dias Santos. Lá fazia produção de imagens em alguns vídeos. Mas foi no Palácio do Ferro onde ganhei aquele toque artístico, no sentido de que fui convidado a fazer arte em todos os sentidos, desde música, dança, teatro, workshops. Então, tudo isso levou-me a ter uma ligação com a imagem muito intensa.
Quantas obras estão expostas?
Tenho 15 fotografias expostas.
Quanto tempo levou para fazer as fotografias? E em que momento foram captadas?
Levei mais ou menos 4 a 5 anos a produzir essas fotos. Tem também fotos que fiz este ano, porque cada fotografia exposta foi sentida. Na verdade, poderia não parar de fotografar para o tema Desconhecido, é muita coisa que não está mencionado na exposição. Tem fotos que foram feitas à madrugada e também tem fotos que foram captadas no período da tarde. Qualquer uma foi sentida no seu tempo.
As imagens foram feitas de propósito para a exposição?
Sim, elas foram feitas com este propósito. Porque normalmente, tal como digo sempre, a fotografia começa de dentro para fora da câmara, nunca foi da câmara para dentro. Nós fazemos a fotografia bem antes de clicar. Logo, já tinha feito essa concepção e algumas delas foram mesmo montadas com o propósito da exposição e as outras foram as que encontrei a situação e adaptei à exposição.
Foram todas feitas em Luanda?
Sim. Fiz todas as fotos em Luanda, porque quando nos propomos a fazer projectos do género não temos um orçamento grande. Assim, devido às possibilidades tive que fazer aqui, mas o meu conceito nunca foi ser sobre Luanda.Como disse, não acabaria de fotografar o Desconhecido.Logo, é um conceito que queria levar para outros sítios, mas que infelizmente não podemos pelas condições que nós temos disponíveis.
Desconhecidos há em todo o mundo...
Sim, há em todo o mundo. É um conceito universal.
Leia o artigo integral na edição 790 do Expansão, de sexta-feira, dia 23 de Agosto de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)