"Queremos que a futura Casa do Artista seja de facto um espaço para todas as artes"
Começou num palco do Cazenga, mas foram as passagens por palcos internacionais que o despertaram para criar um canal de teatro na internet. Ao Expansão, o actor revela que apesar do número de visualizações que têm, ainda recebem pouco dinheiro do YouTube, porque a plataforma não tem disponível em Angola os serviços de monetização de conteúdos.
O que é "Super Pakata"?
O "Super Pakata" é um nome que o Alfredo Figueiredo, meu colega, criou. Ele é videomaker. E, num desses dias de brincadeira, ele gravou um vídeo e dizia sempre "Super Pakata". Eu achei a palavra interessante. Quando decidimos criar o projecto de gravar vídeos e colocar na internet, não sabíamos que nome atribuir. A princípio seria "A Hora do Fumo", porque era o meu canal no YouTube, onde abordava temas diversos. Porém, decidimos colocar o nome de "Super Pakata", se bem que hoje a palavra "super" faz-me confusão.
Porquê?
Demonstra superioridade e isso faz-me confusão. Mas também era meio complicado neste momento tirar o "super" e ficar apenas "pakata", devido ao posicionamento que já temos, então sou obrigado a suportar.
Quando é que surge este projecto?
Como disse, eu já tinha um canal no YouTube. Porém, numa das conversas com o meu amigo Fredy, partilhei a ideia de criarmos alguma coisa nossa. Somos actores e temos muita dificuldade em trabalhar em audiovisual aqui no País. Na altura, tinha acabado de chegar de Portugal, onde fiquei quase dois anos a fazer teatro, passei também por São Tomé, Guiné-Bissau. E vi que lá as pessoas trabalham muito com a internet. Pesquisei como fazer e o que era necessário para criar um canal no YouTube. Vimos que não era necessário pagar nada, então decidimos criar um canal de vídeos de 5 minutos. Nos inspiramos no canal "Porta dos Fundos", um programa brasileiro, mas adaptamos os temas à nossa realidade.
Isso foi em que ano?
Tudo começou em 2017. Começamos a gravar os vídeos, falámos com os actores, muitos tinham receio, porque é uma coisa diferente aqui em Angola, apesar de alguns projectos semelhantes ao nosso que já existiam, mas com pouca qualidade.
Houve aceitação logo no início?
As pessoas ficaram encantadas com os nossos vídeos, tanto que muitos diziam que não éramos angolanos, éramos moçambicanos a viver em Portugal, porque os vídeos são diferentes. E também só gravávamos cenas de interior, porque não tínhamos um bom microfone, gravavamos com telefone. Depois de melhorarmos as condições técnicas, começamos a gravar no exterior e a ter contacto com as pessoas.
Começaram com quantos actores?
Começamos com nove actores. Ficamos durante quatro anos fechados, não queríamos trabalhar com nenhum rosto famoso, porque queríamos ter a certeza que o nosso produto tem qualidade. É o que atrai as pessoas. No quinto ano, abrimos para novos actores e hoje somos 14 integrantes. E é este mesmo grupo que exerce outras funções...
Têm um espaço físico onde fazem as gravações?
Temos um espaço no Benfica, na residência dos pais de uma das actrizes. Temos a casa de um dos nossos parceiros no Camama e temos no Maculusso, também em casa de uma das actrizes.
Há retorno financeiro?
Sim, o YouTube paga-nos mensalmente, é com esse valor que conseguimos custear as nossas produções. É um valor só para não deixar as pessoas sem nada no bolso.
Não compensa?
Infelizmente, para o nosso País não compensa. O YouTube não reconhece Angola como um País que produz conteúdos. Reconhece o "Super Pakata", os canais que são grátis. Todos os canais criados no YouTube de Angola são parceiros, mas o YouTube não reconhece. Então esse país que o YouTube não reconhece a remuneração é muito baixa, apesar de pagarem em euros.
É por isso que algumas pessoas criam as páginas fora do País?
Exactamente! Mas ainda assim, por mais que criem páginas fora do País, ao carregar os vídeos, carrega-se a partir de Angola. E o Facebook, YouTube, reconhece que esse canal é de Angola, e a recompensa é baixa na mesma.
Leia o artigo integral na edição 804 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)