Camionistas aumentam 15% o preço do transporte de mercadorias
Péssimas condições das estradas, desvalorização da moeda, instabilidade cambial que impacta na subida do preço das peças sobressalentes são apontados como outros factores que motivaram a subida dos preços dos transportes de carga. Medida vai pressionar preços ao consumidor final.
Em consequência da subida do preço do gasóleo, de 135 Kz para 200 Kz o litro, os camionistas e transportadores de mercadorias, em todo o País, decidiram subir, esta semana, 15% a tarifa do transporte de mercadorias, segundo a nova tabela de preços da Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA). A medida vai pressionar os preços dos produtos, principalmente os da cesta básica, e vai pesar no bolso do cidadão, que é o consumidor final dos bens transportados por estes profissionais das estradas.
Por exemplo, quem transportava 30 toneladas de Luanda para Malanje (450 km), se antes pagava pouco mais de 525.000 Kz, agora vai passar a pagar 607.500 Kz e quem transportava a mesma quantidade de Luanda para o Cuando Cubango, se antes pagava pouco mais de 2.260.000 Kz, agora vai passar a pagar 2.601.450 Kz (ver tabela).
Mas o reajuste para a província de Cabinda foi maior do que 15%, se comparado com outros destinos. É o caso do percurso Luanda/Cabinda (1.100Km) passando pela fronteira do Luvo. Segundo alguns camionistas ouvidos pelo Expansão, pagava-se pelo transporte de 30 toneladas 1.300.000 Kz e, agora, com a nova tabela de preços, subiu para 1.980.000 Kz. Já quem transporta as mesmas 30 toneladas de Luanda para Cabinda passando pela fronteira do Noqui (800Km), se antes pagava pelo serviço 1 milhão de Kz, agora vai passar a pagar 1.440.000 Kz (ver tabela).
"Para Cabinda está a ser cobrado um pouco mais por causa das despesas e outros constrangimentos que temos quando chegamos ao território congolês", explicou ao Expansão o secretário para Administração e Finanças da Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA), Licínio Fernandes.
Segundo o responsável, houve necessidade de um reajuste dos preços, por um lado, pela recente subida de 48% no preço do gasóleo e, por outro lado, devido ao encarecimento dos consumíveis, das peças sobressalentes dos camiões e até da moeda estrangeira. "Arranjámos uma fórmula para se achar os preços mínimos para podermos manter os serviços, suportando as despesas que exige", disse Licínio Fernandes.
Este aumento dos preços representa o início da subida gradual dos preços dos transportes rodoviários de mercadorias, uma medida que será feita sempre que o governo fizer reajustes no preço dos combustíveis. "Há mais de seis anos que não se mexe na tabela de preços e, a partir de agora, vamos fazê-lo proporcionalmente aos valores a que o governo for ajustando o preço do combustível", referiu a fonte da ATROMA.
A nova tabela de preços começou a vigorar na segunda-feira, 6 de Maio, mesmo sem a apreciação e aprovação do Governo. Apenas dentro de dias, segundo apurou o Expansão, é que a ATROMA vai remeter a nova tabela de preços ao Governo junto da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola (ARCCLA) a fim de aprovarem e legislarem os novos preços.
Mas, apesar disso, na ATROMA admite-se que o Governo tem poucas possibilidades de negar a nova proposta de preços dos homens do volante que transportam mercadorias por serem a maioria. Ou seja, se quisermos ser precisos, 99% do transporte de carga, em todo o País, é feito por privados, uma vez que o Governo tem apenas uma empresa especializada em transporte de cargas, a Unicargas. Este factor aumenta a confiança dos profissionais de que o reajuste que fizeram será, sem dúvida, aprovado pelo Governo.
Leia o artigo integral na edição 775 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Maio de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)