Ordem dos Contabilistas negoceia dívida com BE para não perder edifício
A negociação da dívida ao Banco Económico, do empréstimo para a compra do edifício onde funciona a Academia é uma das prioridades da direcção presidida por Cristina Silvestre. A outra é retomar a formação para cumprir as exigências do GAFI e garantir a entrada de novos contabilistas na ordem.
A direcção da Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola (OCPCA), presidida por Cristina Silvestre, está a negociar com o Banco Económico a reestruturação de um empréstimo contraído para a compra do edifício onde funciona a Academia, após dois anos em que a anterior direcção não pagou as mensalidades, e está a concentrar esforços para garantir a realização do Exame Nacional de Contabilidade, suspenso há quase dois anos, em Dezembro deste ano. Para isso, é preciso dinheiro e, no dia em que a actual direcção completou 100 dias de mandato, Cristina Silvestre lançou um apelo aos membros da ordem para que retomem o pagamento das quotas, já que muitos deixaram de pagar há dois anos, durante a vigência da direcção presidida por Manuel Ribeiro, o que fez com que haja mais de um milhão de kwanzas de quotas em atraso.
Aos poucos, a OCPCA vai retomando a normalidade, após um período conturbado de dois anos, durante o mandato de Manuel Ribeiro, que praticamente paralisou a Ordem dos Contabilistas, na sequência de uma sindicância instaurada contra o então presidente e o vice-presidente, Alberto Seixas, que resultou na decisão de perda de mandato e devolução de salários recebidos à revelia dos estatutos.
Os 50 corpos sociais eleitos a 18 de Novembro de 2023, para o triénio 2024-2026, só conseguiram tomar posse no dia 24 de Junho, após o Tribunal de Luanda suspender a providência cautelar, interposta por Manuel Ribeiro e Alberto Seixas, que impediu a tomada de posse da direcção presidida por Cristina Silvestre, a 16 de Dezembro de 2023.
Ao assumir funções, a 24 de Junho deste ano, a nova direcção encontrou a "casa" num caos, limitando-se a criar as condições administrativas, nomeadamente informar os bancos (e solicitar o bloqueio no acesso às contas aos anteriores dirigentes), empresas e organizações sobre a mudança de direcção, para permitir repor a ordem na organização. Foram também pagos salários em atraso aos membros do secretariado e aos formadores que acompanham os Estágios em Ambiente Controlado (EAC).
Mesmo assim, Manuel Ribeiro e Alberto Seixas não demoveram. Interpuseram um recurso para a relação contra a decisão do Tribunal de Luanda, e recusaram abandonar o edifício sede da OCPCA, até que foram obrigados pela polícia a sair.
Regresso à normalidade
Entretanto, Cristina Silvestre e a sua equipa foram trabalhar para o edifício da Academia e regressaram agora à sede da Ordem, à medida que a situação se aproxima da normalidade possível, uma vez que ainda correm dois recursos no Tribunal da Relação, ambos interpostos pelos dois membros da anterior direcção.
Contas feitas, e apresentadas no dia 28 de Setembro, a direcção cessante encontrou 11 milhões Kz nas sete contas bancárias da Ordem, e um rasto de dívidas a fornecedores e salários em atraso. Três meses depois, o saldo nos bancos ultrapassava os 37,6 milhões Kz, esclareceu a presidente da Ordem, esta quarta-feira, na conferência de imprensa de balanço dos 100 dias, quando confrontado com a pergunta: "Encontrou os cofres da Ordem vazios?". Para não perder o edifício onde funciona a Academia, a direcção de Cristina Silvestre está a negociar a reestruturação da dívida, com o Banco Económico, após dois anos em que as mensalidades não foram pagas. O montante da dívida não é revelado, enquanto não houver acordo.
Evitar "lista cinzenta" do GAFI
A prioridade agora é "dar gás" à Academia, que foi encerrada há mais de 6 meses, para permitir a reabertura dos Estágios em Ambiente Controlado a mais de 700 estagiários e o reinicio das defesas dos trabalhos de acesso ao Exame Nacional. Para acelerar o processo, a Ordem vai dar o preparatório gratuitamente para que consiga realizar o Exame Nacional, que será feito electronicamente. Para isso, ainda precisa de arranjar salas suficientes com condições, em termos de equipamentos e ligações à internet, tendo lançado um apelo às empresas e organizações para a disponibilização de salas.
Mais de 1.000 estagiários esperam pela defesa, enquanto 1.500 estagiários aguardam para realizar o Exame Nacional, que garante o acesso dos membros à OCPCA, revela Cristina Silvestre. A presidente da Ordem dos Contabilistas aponta também como prioritária a formação nos crimes de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, uma das imposições do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI).
Leia o artigo integral na edição 796 do Expansão, de sexta-feira, dia 04 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)