ONU pede entendimento à Etiópia, Sudão e Egipto quanto à maior barragem hidroeléctrica do continente africano
Sessão extraordinária do Conselho de Segurança vai analisar situação
As Nações Unidas pediram à Etiópia, Sudão e Egipto, esta terça-feira, para se entenderem de vez quanto à construção da polémica Barragem da Grande Renascença Etíope (GERD, na sigla em inglês), que está a ser construída pela Etiópia, no Nilo Azul, e que os vizinhos Sudão e Egipto contestam, sob o argumento que a mesma prejudica o curso dos rios dos três países.
António Guterres, secretário-geral da ONU vê com bons olhos a intervenção da União Africana nas negociações entre os líderes de Adis Abeba, Cairo e Cartum. A sessão extraordinária do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, agendada para esta semana, vai debater a situação.
A estrutura hidroeléctrica, a maior de África, com elevado impacto a nível económico, está sob forte tensão desde o lançamento do projecto em 2011.
O Egipto vê a barragem como uma ameaça ao seu abastecimento de água, já que depende do Nilo para cerca de 97% da sua irrigação e água potável. O Sudão receia que as suas barragens possam ser danificadas se a Etiópia continuar, como até aqui, a encher a GERD antes de um acordo. Por sua vez, a Etiópia argumenta que a energia hidroeléctrica gerada pela barragem será vital para satisfazer as necessidades energéticas dos seus 110 milhões de habitantes.
As Nações Unidas querem evitar a todo o custo que "haja uma acção unilateral que prejudique qualquer busca por soluções. Portanto, é importante que as pessoas se comprometam novamente, de boa-fé, num processo genuíno", disse Stephane Dujarric, porta-voz do Secretário-geral da ONU, esta terça-feira.
Também o Departamento de Estado dos EUA é de opinião que o enchimento da GERD pela Etiópia poderia aumentar as tensões entre os países envolvidos, pelo que também instou as partes a absterem-se de acções unilaterais na barragem.
