Petróleo resiste à euforia da pausa nas tarifas e mantém perdas
Depois de uma breve subida, provocada pelo anúncio de Donald Trump de que ia efectuar uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas aos países que não retaliaram, deixando de fora a China, o petróleo retomou as perdas e segue, nesta altura, a negociar no vermelho. Crude está abaixo dos 70 USD por barril, preço que o Governo inscreveu no OGE2025.
Perto das 9:00 de Luanda, o Brent, referência importações angolanas, caía 0,7% para 65,04 USD. Já o West Texas Intermediate (WTI), referência dos EUA, esta manhã desvalorizava 0,6% para 62 USD.
Assim, o crude de referência para Angola está a negociar 5 USD abaixo do valor que o Governo inscreveu no Orçamento Geral de Estado para este ano, na ordem 70 USD o barril. E por cada 5 USD a menos que se verificar no preço do barril, o défice orçamental.
Especialistas internacionais apontam que dificilmente o ouro negro poderá rever a tendência da queda, e está, em parte, dependente das decisões de Trump, já que as tarifas mais altas dos EUA sobre a China deixam muita incerteza nos mercados.
"Dada a improvável desaceleração da guerra comercial EUA-China no curto prazo, é pouco provável que esta recuperação se transforme numa reversão de tendência", afirmou Zhou Mi, analista do Chaos Research Institute, em Xangai, citado pela Bloomberg.
Já Yeap Jun Rong, especialista de mercado da plataforma de negociação online IG, disse à Reuters que "podemos esperar que os preços do petróleo retomem sua tendência de queda mais ampla quando o optimismo em torno da recente suspensão tarifária diminuir".
Importa que realçar, que o petróleo tinha já atingido o valor mais baixo em quatro anos no início da semana, quando a ofensiva tarifária dos EUA levantou alertas sobre uma possível recessão global que poderá reduzir a procura por energia. Ao mesmo tempo, os países produtores de crude e aliados (OPEP+) comprometeram-se a acelerar o alívio das restrições à produção, alimentando receios de um excesso de oferta a nível mundial.