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Economia

Economistas defendem que o País deve manter a neutralidade

INVASÃO RUSSA DA UCRÂNIA

A posição de neutralidade de Angola face à invasão russa da Ucrânia é a que melhor se adapta à nossa realidade de desenvolvimento económico e à necessidade de desenvolver o País a curto e médio prazo, aproveitando as oportunidades geradas pela guerra , defendem os analistas ouvidos pelo Expansão.

Angola manteve em duas votações que aconteceram na Assembleia Geral das Nações Unidas, uma posição de abstenção face à pretendida condenação da Rússia no conflito da Ucrânia. Posição esta que é seguida por 42 países, onde estão a China, Índia, Brasil, África do Sul, Nigéria, Zâmbia ou Moçambique. Apesar da maioria dos países, cerca de 150, terem votado favoravelmente a condenação da Rússia, a verdade é que os países que optaram pela neutralidade representam mais de metade da população mundial.

Dentro daquilo que é a melhor estratégia para o desenvolvimento económico do País, o Expansão foi ouvir quatro economistas sobre aquilo que deve ser a posição de Angola. Apenas um, Alves da Rocha, director do CEIC, defende a condenação pelo governo da invasão russa. "Num caso destes, de evidentes violações dos direitos humanos, do direito internacional e da paz, a abstenção equivale a um voto a favor da invasão e da carnificina. É curioso que as declarações oficiais e do MPLA sobre os 20 anos da paz em Angola se referiram à cruel invasão sul-africana do território nacional e nessa ocasião se pediu a condenação firme da parte do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral das Nações Unidas. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades?", pergunta.

Já para Heitor de Carvalho, economista e responsável pelo Cinvestec, "embora não seja fácil" devemos tentar "passar pelos pingos da chuva". "Uma posição relativamente independente de África no seu conjunto ajudaria a suportar mais facilmente a neutralidade dos vários países", acrescentando que sendo Angola "uma economia pequena, o apoio a um dos pólos é pouco relevante", porém, será visto de "forma muito pouco simpática pelo oponente, o que é outro argumento a favor da neutralidade".

A posição angolana deve também ser analisada de forma pragmática, ou seja, o que é melhor para o País. O economista Mateus Maquiadi explica que "de ambos os lados há países com fortes relações diplomáticas e económicas" com Angola. "De acordo com os dados das contas externas publicados pelo BNA sabemos, por exemplo, que 15% das nossas importações provêm da China e 4% dos EUA. 71% das nossas exportações petrolíferas têm a China como destinatário e somente 1% vai para os EUA. Assim sendo, tomar partido pode requerer mudança na estrutura da balança comercial a uma velocidade que não nos dê tempo de preparação", acredita Maquiadi.

(Leia o artigo integral na edição 670 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Abril de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)