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Economia

O crédito cresceu 8,4% nos últimos 12 meses, disse o Governador do BNA

Fatia com maior expressão no activo da banca comercial, de cerca de 34%, faz-se (quase toda) de títulos do Tesouro Nacional

Há um longo caminho a percorrer, admitiu José de Lima Massano, depois de confirmar que a "rubrica de maior expressão da banca comercial" são os títulos e valores mobiliários. Ainda assim, o crédito cresceu 8,4% nos últimos 12 meses, representando 14,12% do PIB do sector não petrolífero.

"Os desafios de mobilização de capitais para potenciar o tecido empresarial e estimular o crescimento económico faz parte da agenda de todos os reguladores da nossa sub-região continental, tendo em conta o estágio de desenvolvimento das nossas economias e a intervenção que se vem demandando ao sistema financeiro, particularmente em contexto de crise pandémica de proporções alargadas e que de fora não deixou nenhuma empresa, sector de actividade, nem país", começou por dizer o Governador do Banco Nacional de Angola (BNA) no workshop promovida pela Comissão de Mercados Mobiliários (CMC), com o tema "Empresas no Mercado de Valores Mobiliários" esta manhã, em Luanda.

Dado o contexto regional, José de Lima Massano passou à realidade angolana, onde "as reformas económicas incidirem sobre a diversificação da economia e uma participação mais dominante do sector privado" é por isso "fundamental desenvolver o sistema financeiro em todas as suas vertentes, incluindo o mercado de capitais, para que se possa contribuir de modo activo e sustentável para o crescimento económico, a geração de empregos e o bem-estar social", acrescentou o governador do banco central.

E de seguida uma relativa boa notícia, "a concessão de crédito tem sido retomada, registando-se um crescimento de 8,4% nos últimos 12 meses, correspondendo a cerca de 14,12% do PIB não petrolífero e um peso de 17% do activo da banca comercial", no entanto, quanto aos títulos e valores mobiliários, tudo mais ou mesmo na mesma, continua a ser "a rubrica de maior expressão no activo da banca" e "representada exclusivamente por emissões do Tesouro Nacional", num valor que se traduz em cerca de 34%.

"Temos ainda um longo caminho a percorrer e há que potenciar outras fontes de financiamento ao sector privado, com realce para os instrumentos típicos do mercado de valores mobiliários, facilitando-se a recolha e canalização directa da poupança para o investimento produtivo", admitiu o governador do BNA.

"O alargamento das fontes de financiamento, a diversificação do risco e a redução dos custos de intermediação potenciados pelo financiamento directo são factores de competitividade que contribuem para o crescimento económico", não deixou de notar, e para isso a "existência de um mercado primário de valores mobiliários activo, que possa servir de fonte de financiamento das empresas", mas "o mercado de valores mobiliários só será eficiente e capaz de responder às necessidades de financiamento das empresas se os investidores puderem dispor de um mercado secundário líquido, transparente e eficiente", sublinhou Lima Massano.

O governador do BNA parece aposta no "processo de privatizações em curso", que "irá encaminhar para a bolsa algumas empresas que deverão atrair investidores nacionais e possivelmente também alguns investidores estrangeiros".

Muito prudente, aliás, como quase sempre, Lima Massano reconhece que "é importante reconhecer que estamos no início deste percurso e que temos muito trabalho a fazer de transmissão de informação sobre o mercado de valores mobiliários a todos os potenciais intervenientes para que esse mercado possa exercer o papel de promoção do crescimento da nossa economia".

Por último, deixou outra importante notícia, "aproveito também para referir que o Banco Nacional de Angola, está em concertação com a Comissão de Mercado de Capitais para,nos termos da Lei do Regime Geral das Instituições Financeiras, estabelecer um prazo limite para os bancos transferirem a prestação de serviços e actividades de investimento em valores mobiliários e instrumentos derivados para instituições financeiras não bancárias ligadas ao mercado de capitais e ao investimento".

De acordo com o governador do banco central o processo de transferência deve estar concluído no primeiro semestre de 2022.