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Economia

RIL "encolhem" 10% para apenas 13,9 mil milhões USD em oito meses

QUEDA VEM DESDE FINAIS DE 2021 E NÃO PÁRA DE OSCILAR

O País já "perdeu" 1,5 mil milhões de dólares desde finais de 2021, numa espiral de quedas que se advinham contínuas. Só de Maio a Julho, as reservas deslizaram 8,8%. Analistas e investigadores atribuem culpa à queda dos depósitos do BNA que vendeu moeda estrangeira ao mercado e não as repôs em igual proporção.

As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Angola já caíram, desde finais de Dezembro de 2021, 10% para apenas 13,9 mil milhões de dólares, com a maior queda a registar-se entre Maio e Julho deste ano, de acordo com as estatísticas monetárias e financeiras do Banco Nacional de Angola (BNA), sobre evolução diária das reservas. Ao todo, o País já perdeu, em oito meses, 1,5 mil milhões de dólares das suas reservas, numa espiral de quedas, segundo analistas, se advinha contínua. Só de Maio a Julho, por exemplo, as reservas encolheram 8,8% para 13,7 mil milhões de dólares, com o País a ficar sem 1,3 mil milhões de dólares das reservas.

A pressionar a queda das RIL, e numa altura em que o preço do crude - principal commodity de exportação de Angola - continua em cima, está a queda dos depósitos em Moeda Estrangeira do BNA, que, segundo o economista Wilson Chimoco, andou a vender divisas no mercado e não comprou em igual proporção para as repor. "As vendas não foram proporcionais às compras", argumentou o também investigador da Universidade Católica.

Na prática, a redução dos depósitos em moeda estrangeira do banco central está a prejudicar as RIL, além de que as aplicações que o regulador da política monetária e cambial faz não rendem tanto. De acordo com o Wilson Chimoco, as taxas de juro na generalidade das aplicações do BNA não vão acima dos 5%. "E isso não ajuda a manter os depósitos se não for por uma reposição através da compra de divisas no mercado", refere.

As RIL, que são os meios de pagamento de que dispõem as autoridades monetárias de um país ou o montante em moeda estrangeira de que dispõe o país para pagamento de bens e serviços lá fora ou ajudar o país nos compromissos externos, têm como principal fonte a contribuição fiscal do petróleo em moeda estrangeira, ou seja, os impostos sobre as exportações de crude, bónus de produção e contratos de partilha. Mas como o mercado está estável e isso não se está a reflectir nas RIL, analistas não têm dúvidas de que as RIL estejam a cair devido ao facto de, também o BNA ter deixado de gerir as reservas do Tesouro, e porque não tem mais o direito de preferência de compra das divisas das petrolíferas.

Ainda na visão do analista económico Wilson Chimoco, que afasta a hipótese de a queda das RIL ter a ver com o aumento da importação, se o BNA continuasse a gerir ou a controlar as vendas de divisas das petrolíferas e agentes conexos, o stock das RIL estariam hoje muito acima dos registos de Agosto. "Ao contrário, as reservas estariam em alta. Não tem nada que ver com mais ou menos importações. Quem importa está ir buscar divisas das petrolíferas e do Tesouro. E não do dinheiro do BNA. Logo, não consigo ver a relação entre a queda das RI do BNA e importações", defendeu.

Taxa de câmbio Kz/USD mantém apreciação

Contariamente ao que acontece em períodos de instabiliadde cambial, ou quando há pouca entrada de divisas no País em que o valor da moeda cai, desta vez o Kwanza mantém seu ritmo de apreciação. Isso explica mais uma vez que o problema das RIL não estão nos dólares que entram ou sai, como defendem analista. Só desde Dezembro até 8 de Agosto, a moeda nacional valorizou quase 30%. Ou seja, se comprar 1 dólar em finais do ano passado custava 555 Kwanzas, agora já só são necessários 450 Kwanzas.

E Wilson Chimoco explica com a teoria da procura e da oferta: "o preço do petróleo está em alta a produção também. E estes factos permitem as petrolíferas e o próprio Tesouro, os dois principais ofertantes no mercado, a colocarem mais divisas no mercado cambial. E claro que, quanto maior for a oferta e a procura continua restrita, o preço tende necessariamente a cair. E é isso que está acontecer".

(Leia o artigo integral na edição 687 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Agosto de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)