Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Economia

Subsídios aos combustíveis cresceram 61% e atingem quase 2 biliões de Kz

NO ANO DE 2022, EM QUE O PREÇO MÉDIO DE EXPORTAÇÃO DO PETRÓLEO FOI 100,4 USD

Convertido em dólares à taxa de câmbio do último dia do ano, 503,691 Kz, Angola gastou com subsídios aos combustíveis em 2022 aproximadamente 4 mil milhões de USD, tanto como em saúde e educação, de acordo com o OGE desse ano. Uma situação insustentável para um País que quer desenvolver-se.

Os gastos do Governo com a subsidiação aos combustíveis cresceram 61% em 2022 face ao período homólogo, para quase 2 biliões Kz. De acordo com cálculos do Expansão, convertendo o valor gasto pelo governo em subsídios em 2022 para dólares, conclui- se que os gastos com os subsídios dispararam para quase 4 mil milhões USD.

Três anos depois de o governo ter assumido com o FMI um compromisso para pôr fim à subsidiação dos combustíveis, nada foi feito, nem foi anunciado um plano concreto para que tal venha a acontecer. Um dos argumentos que a instituição utiliza é que Angola está a subsidiar o consumo de combustíveis em países vizinhos, como Namíbia, RDC, Congo e Zâmbia, para onde são contrabandeadas quantidades consideráveis de combustível.

O que só acontece porque, como estes países não produzem petróleo e nem têm subsídio, fazem aquilo que se faz em todo o mundo, que é ajustar o preço dos combustíveis nos postos de abastecimento sempre que o preço do petróleo dispara ou desce. Com o combustível muito mais caro que nos países vizinhos, cresceu o contrabando que é uma fonte de muito lucro para alguns.

Quando se fala da necessidade de pôr fim à subsidiação, de um lado estão os que defendem a enorme injustiça que é gastar este dinheiro quando o País precisa de fazer investimentos noutras áreas prioritárias, como a saúde e educação, e que poderia ter um impacto significativo na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Do outro, estão os que acham que mexer agora no preço dos combustíveis poderia levar a grandes convulsões sociais, com todos os prejuízos que isso implica.

Opinião dos especialistas

De acordo com o economista Carlos Rosado de Carvalho, que falava a uma rádio local em Luanda, o Estado está a gastar mais dinheiro com os subsídios aos combustíveis do que gasta ou até mesmo reserva no Orçamento Geral do Estado para a saúde e educação.

"O Orçamento de 2022 previa 1,2 biliões Kz para a educação e 923 mil milhões Kz para a saúde, valores que somados dão 2,1 biliões Kz. Não se entende que um País que se quer desenvolver gasta mais dinheiro com subsídios que com a educação e saúde", defende.

Diz também que se devem tomar medidas para mitigar o impacto da retirada dos subsídios, como assegurar que o preço dos transportes públicos e dos táxis, vulgo candongueiro, que transportam o grosso da população, não dispare. Mas para o economista, a continuar assim, haverá um momento em que o País não vai aguentar.

José Oliveira, colaborador do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, defende a retirada dos subsídios para salvar a Sonangol, maior empresa do País, que atravessa uma situação financeira menos boa, porque tem a obrigação de pagar pela importação dos combustíveis e gasta normalmente mais de mil milhões USD para o efeito, sem que o Estado lhe pague praticamente nada, já que apenas uma parte ínfima deste valor é anualmente deduzido em impostos. "A Sonangol não tem de assumir prejuízos de mais de 2 mil milhões USD/ano porque o MinFin não lhe paga os subsídios dos combustíveis que ela importa com receitas próprias", defende José Oliveira.

(Leia o artigo integral na edição 724 do Expansão, desta sexta-feira, dia 19 de Maio de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo