Mediadores valem apenas 7,88% dos prémios emitidos
A presença dos mediadores nas vendas do sector ainda é muito baixa, sendo necessário alterar procedimentos e a conduta de algumas empresas e mediadores.
Nos primeiros nove meses do ano os mediadores que operam no mercado contribuíram apenas com 7,88% do total dos prémios arrecadados pelas seguradoras (364.779 milhões Kz), 28.745 milhões Kz de acordo com cálculos do Expansão.
O ramo Vida representou 1%, apenas 156 milhões Kz, e o ramo não Vida 99,46%, 28.589 milhões Kz. O segmento dos seguros de saúde representou 63% do total dos prémios vendidos por mediadores com 18.004 milhões Kz.
É importante sublinhar que a maior parte das subscrições do ramo Vida é feita através da bancassurance, ou seja, o banco é o canal privilegiado uma vez que este produto está muito associado à atribuição de créditos bancários. E o mercado segurador ainda é fortemente dominado pelo seguro de subscrição directa por via das agências/balcões dos bancos ou até mesmo das seguradoras.
Quanto ao número de apólices, o ramo não Vida registou o maior número de apólices, 8.668 apólices em relação às 12 apólices emitidas para o ramo vida.
Adriano Gomes, corrector de seguros, entende que esta contribuição dos mediadores é muito residual porque a pirâmide está invertida muito por culpa da ARSEG que não trouxe a obrigatoriedade da emissão através da mediação.
"O que acontece é o seguinte. Hoje, a maior parte das empresas já não trabalham sem mediação, mas o grande negócio muitas vezes é feito fora do canal de mediação e estes que muitas vezes trazem o irmão ou primo para fazer esse papel de medição não reportam a informação ao regulador e depois fica-se com estes números que causam má impressão", diz.
"Por exemplo, em 2021, estávamos a negociar o seguro para a casa da moeda do BNA e do nada perdemos o negócio por alguém que tinha acabado de fazer a formação, mas como os decisores do BNA tinham interesse no negócio, porque só de comissão o mediador recebe trimestralmente 30 milhões Kz, perdemos o negócio. Tal como perdemos também o negócio do CIF que dava por ano uma comissão de cerca de 200 e milhões Kz, a verdade é que há muitos interesses envolvidos", acrescenta.
O operador entende que há um conjunto de condições que devem ser clarificadas junto da ARSEG para se evitar estes números sejam residuais, porque ainda existem muitas más condutas "debaixo do tapete" que podem ser combatidas.
Cabe acrescentar que na maioria dos países onde o sector dos seguros está mais implantado junto dos agentes económicos, apesar de não haver qualquer obrigatoriedade de subscrição por mediadores, estes são mais agressivos e conseguem beneficiar de uma imagem de confiança que lhes é atribuída pelos cidadãos. E isso também tem que ser feito pelos mediadores angolanos.
Em termos de comissão, os mediadores receberam 2.547 milhões Kz e o ramo que mais comissões recebeu foi no ramo doença com 1.176 milhões Kz. O regulador reportou apenas dados de 31 das 120 entidades mediadoras de seguros certificadas, com informações agregadas e sem detalhes sobre mediadores individuais.