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Capital humano qualificado é a base para o desenvolvimento da indústria

OBSTÁCULOS QUE TRAVAM A INDÚSTRIA

Além dos acessos a questão da energia e água é uma das "ameaças" à indústria nacional. Dentre os industriais a unanimidade é visível. A realidade é igual e em todo território, e o desafio não distingue os vários sectores de produção industrial: capital humano, infra-estruturas e investimento.

A educação e acesso a saúde de qualidade para um capital humano competente foram apontados como elementos fundamentais para a suportar "o triângulo do desenvolvimento da indústria", que tem nos vértices a infra-estrutura, investimento e ambiente de negócio.

Sem um capital humano qualificado é difícil garantir "que o investimento público e privado se repercuta em desenvolvimento" defendeu Alexandra Simeão, que foi a primeira "Voz do cidadão" naquela que foi a estreia da rubrica "Desconstruindo - conversas do Expansão" da IIIª edição do Fórum Indústria. "Olhar para o capital humano, implica olhar para os pilares dos mais importantes edifícios" do desenvolvimento, que são a educação e a saúde, argumentou.

No entender de Alexandra Simeão a mão-de-obra qualificada tem uma relação estreita com a economia, associando-se a produtividade, crescimento económico das empresas e dos indivíduos.

Contundo, para se chegar ao patamar do capital humano qualificado é fundamental avaliar o sistema educativo angolano e a sua estratégia de longo prazo. Sendo vital que a liderança tem ambição e seja visionária em relação futuro.

"A nossa escola primária [que é a base] está descontextualizada, com um financiamento que não permite a universidade, a qualidade, nem garante a excelência na formação de professores. Temos a escola estagnada no modelo saído da revolução industrial, apenas transmite, e mal, conhecimento", lamenta Alexandra Simeão, que já foi vice-Ministra da Educação para a Acção Social, no âmbito do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional.

Se a base do ensino for bem suportada, a oradora apontou o ensino técnico profissional como sendo uma área crucial para o desenvolvimento da indústria, garantido a mão-de-obra, quer em quantidade como em qualidade, por serem mais imediatos e terem o foco no saber fazer.

Sem o ensino técnico profissional "não se garantem as estruturas intermédias e a conclusão deste, permite o desenvolvimento de novos cursos superiores mais técnicos", esclareceu.

No entanto, só é possível fazer estes profissionais se for combatida a pobreza nas crianças de hoje, que vão garantir o capital humano de amanhã. Isto significa uma estratégia nacional para fazer baixar os números de crianças, com menos de 10 anos, que sofrem privações multidimensionais, que chegam os 74%, referindo- se à nutrição, saúde, protecção infantil, prevenção da malária, educação, exposição aos meios de comunicação social, habitação, água e saneamento.

Os mesmos desafios para vários empresários

A realidade é igual em toda geografia do País e o desafio não distingue os vários sectores de produção industrial: são as infra-estruturas, que tornam os negócios inviáveis, de acordo com depoimentos dos empresários.

Os industriais Miguel Azevedo, director executivo da Mota- -Engil Angola e José Nicolau, administrador da Pescangola EP, defenderam que, o abastecimento de água e a fiabilidade da energia tornam a indústria competitiva. Com recurso a soluções alternativas para a água e energia, como tem sido regra em Angola, inviabilizam-se vários negócios e investimentos, pois os investidores fazem os cálculos com as fontes alternativas na planilha, este facto eleva os custos de produção, e chegam à conclusão que não vale a pena investir no País e vão para outras geografias.

Para Jorge do Amaral, CEO da ALCAAL, tem de haver uma coordenação Estado-privado para se criar as condições e dar a competitividade à indústria. "Essa ideia de que o Estado é um Pai Natal e que tudo gira a volta, temos que começar a eliminá-la porque não funciona".

(Leia o artigo integral na edição 724 do Expansão, desta sexta-feira, dia 19 de Maio de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)