A seguradora Global Seguros está em falência técnica, uma vez que registou passivos de 21.477 milhões Kz superiores aos activos de 11.202 milhões Kz, detendo, assim, um capital próprio negativo de 11.368 milhões Kz. A companhia tem uma margem de solvência e cobertura das provisões técnicas muito abaixo dos limites exigidos, de acordo com os cálculos do Expansão com base nos resultados do relatório e contas.

A companhia de seguros está com a margem de solvência de - 476% e um nível de cobertura das provisões técnicas de 53,0%, quando deveriam estar nos 100%, para ter capacidade para honrar os seus compromissos. Na prática, a continuidade das operações da seguradora está dependente da regularização da margem de solvência e da cobertura das provisões e, para isso, os accionistas devem injectar "dinheiro fresco" num valor de cerca de 13 mil milhões Kz. As demonstrações financeiras do exercício foram aprovadas pelo conselho de auditoria e pelo auditor externo (Soares & Nunes). Aos olhos do auditor externo, existe uma incerteza material sobre a continuidade da seguradora, uma vez que a empresa está há cinco anos com os capitais próprios negativos.

O auditor sublinha a necessidade de um reforço de capital e espera que venha acontecer fruto dos passos que a companhia tem dado, incluindo a obtenção da aprovação pela ARSEG do plano de recuperação e financiamento. "ARSEG com dois pesos e duas medidas" Um operador do mercado, que prefere o anonimato, entende que o regulador tem "dois pesos e duas medidas porque em condições normais a Global Seguros já deveria estar suspensa", por ter todos os indicadores comprometidos.

"O passivo é duas vezes superior ao activo da empresa, ou seja, esta situação é um escândalo porque as seguradoras que foram encerradas não estavam nesse nível. Por exemplo, a Master Seguros e a Triunfal Seguros foram encerradas com um passivo de 300 a 400 milhões Kz e o activo ainda era superior ao passivo, então a ARSEG está com dois pesos e duas medidas", lamenta a fonte.

O também economista explicou que existem três requisitos de condições de acesso e funcionamento no mercado, nomeadamente, a margem de solvência, a cobertura das provisões técnicas e o fundo de garantias. "Como a solvência, as provisões e o fundo de garantia estão todas comprometidas, logo a empresa não tinha condições para continuar no mercado", sublinha. Os prémios brutos da seguradora cresceram 26% para 10.999 milhões Kz.