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Preço do barril de petróleo caiu 8% nos últimos oito dias para os mínimos deste ano

NO RESCALDO DA REUNIÃO DA OPEP +

Crescimento da procura abaixo da expectativa, a possibilidade de os cortes da OPEP+ serem reentroduzidos no mercado a partir de Outubro, os juros altos e o aumento da oferta de outros produtores influenciam preços.

Na última semana, o preço do barril de petróleo caiu cerca de 8% no mercado de futuros, em consequência da reunião da OPEP +, ao que se junta a estabilização da procura e a certeza de que as duas guerras abertas no mundo (Ucrânia e Palestina) não estão a afectar a oferta mundial. Junta-se aqui mais um pequeno detalhe que é valorizado pelos analistas, a oferta fora da OPEP + está a aumentar, devido a novos produtores e outros países que estão a consolidar a sua produção.

Mas pode também dizer-se que um factor importante é a diferença entre a previsão de crescimento da procura por parte da OPEP para este ano, 2,2 milhões barris/dia, e da Agência Internacional de Energia (IEA), apenas 1,3 milhões barris/dia. Esta última parece estar mais de acordo com a realidade, se tivermos em linha de conta que as importações da Ásia de Janeiro e Maio aumentaram apenas 100 mil barris. Também é preciso acrescentar que em período de juros altos, como o que vivemos actualmente, há menos especulação no mercado de futuros, e por isso o preço é empurado para baixo.

O mercado de petróleo é muito influenciado pela percepção dos operadores, sendo que no caso das conclusões da reunião da OPEP +, apesar de ter decidido que manteria até ao terceiro trimestre o corte voluntário de 2,2 milhões barris/dia por parte de cinco países - Arábia Saudita, Kuwait, Emiratos Árabes, Iraque e Argélia - ficou entendido que entre Outubro de 2024 e Setembro de 2025 os referidos cortes serão devolvidos ao mercado, em que num prazo de 12 meses serão reentroduzidos progressivamente. Ou seja, mantém- -se um apoio de curto prazo para o equilíbrio de mercado, mas a percepção que fica é que não é uma medida sólida. Diga-se que "apesar destes cortes, os cinco países mencionados acima terão colocado em Maio no mercado um valor acima dos 20 milhões barris/dia", lê-se na imprensa especializada.

Neste particular, a posição da Arábia Saudita vai ser fundamental, que assumiu até ao final do ano um corte voluntário de 1,1 milhões barris/dia, mas que a partir de 2025 vai passar a colocar uma parte no mercado, embora não exista uma posição oficial sobre este assunto.

A questão da venda de crude da Rússia à China e à Indía a valores um pouco mais baixos do mercado também influencia o preço em Londres, uma vez que estes deixam de comprar nos locais tradicionais. Há também uma retração do crescimento económico mundial, estamos num período de temperaturas altas no hemisfério norte, onde estão os maiores compradores, o que reduz, ou pelo menos estabiliza, a procura mundial.

Esta queda do preço para menos de 78 USD/barril, o mais baixo desde Dezembro do ano passado, teve também impacto nas maiores empresas petrolíferas sediadas em Londres. Por exemplo, as acções da Shell e da BP cairam 3% na segunda-feira, sendo que até a manhã de quarta-feira recuram mais 3,7% para o caso da BP e 2% para a Shell.

Mas é importante dizer que hoje não existe excesso de petróleo no mercado, sendo de prever que o mercado de futuros possa recuperar nas próximas semanas outra vez para valores perto dos 80 USD por barril. Para o próximo ano é que as previsões dos especialistas são mais pessimistas, e alguns avançam para uma queda em 2025 que pode rondar os 15% face aos preços actuais.

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