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Recredit só recuperou 6% da carteira de 1,2 biliões Kz de malparado do BPC

ENTRE 2020 E 2023

Da carteira recuperada, apenas 1,8% foi em numerário (dinheiro), 3,6% em entrega de imóveis e os restantes 0,8% em compensação de dívida. Conhecida como "banco mau", a Recredit foi criada em 2016 para gerir os activos tóxicos do BPC e para maximizar a recuperação do crédito que afundou o banco.

A Recredit só conseguiu recuperar, até Dezembro de 2023, cerca de 77,5 mil milhões Kz de um total de 1,2 biliões Kz que valem as duas carteiras de crédito malparado que recebeu do BPC, o que representa apenas 6% dos activos tóxicos que adquiriu ao banco público, segundo cálculos do Expansão com base no balanço da recuperação da instituição.

O balanço da recuperação de 2023, publicado recentemente, aponta que dos 77,5 mil milhões Kz recuperados pela Recredit desde 2020, apenas 23,0 mil milhões (30%) foram devolvidos em amortizações, ou seja, em dinheiro entregue pelos devedores do BPC. Se compararmos com o dinheiro que o banco público emprestou aos seus clientes, os 23,0 mil milhões valem apenas 2% da carteira total de crédito malparado.

A maior parte do malparado recuperado pelo "banco mau" foi por via da entrega de imóveis no valor de 44,5 mil milhões Kz, o equivalente 34% do montante já recuperado. Ainda assim, os imóveis valem apenas 4% dos 1,2 biliões Kz que a Recredit pretende recuperar. Entretanto, não se sabe como é que a instituição determinou o valor dos imóveis, já que o relatório não esclarece. Para isso seria necessário olhar para relatório e contas, auditado por um auditor independente, mas até esta quarta-feira (15) ainda não tinha sido publicado. No entanto, um caso conhecido é a entrega de alguns imóveis que estavam em posse do BNI à Recredit, acordados no I trimestre do ano passado. O BNI entregou vários imóveis, entre os quais a sua antiga sede, localizada na Rua Major Kanhangulo. No total, foram avaliados em 23,7 mil milhões Kz, o que corresponde a 79% do valor total da carteira de crédito que o BNI entregou à Recredit como pagamento de um crédito malparado.

Quanto à recuperação sob a forma de compensação de dívida, o banco contabilizou quase 10 mil milhões Kz, apenas 1% da carteira total a recuperar. Uma boa parte das pessoas e empresas que têm créditos malparados no BPC, hoje sob responsabilidade da Recredit, são credores do Estado a nível dos chamados "atrasados". Uma vez certificada e reconhecida esta dívida pelo ministério das Finanças, os credores estão a usar parte do valor que o Estado lhes deve para "pagar" à Recredit. Assim, quando o Estado tiver que pagar a dívida pública comercial, apenas vai entregar a estes clientes a diferença do que devem à Recredit, devendo a instituição receber a outra parte.

Quase metade do malparado está em litígio

A Recredit recebeu 476 processos para recuperar os 1,2 biliões Kz. No entanto, dos 476 processos, 327 estão em negociação, o equivalente a 641,4 mil milhões Kz.

Já os restantes 149 processos (o equivalente a 608,3 milhões Kz) estão em contencioso, ou seja, em uma situação de litígio, o que significa que metade das carteiras de crédito malparado do BPC está em conflito.

Depois de ter recuperado apenas 75% do objectivo estabelecido para 2022, no ano passado a instituição dirigida por Walter Barros conseguiu recuperar mais do que previsto. Para o exercício económico de 2023 a meta era recuperar 26,34 mil milhões Kz, mas recuperou 31,0 mil milhões, mais 4,7 mil milhões Kz da meta prevista para aquele exercício económico.

Conhecida como "banco mau", a Recredit foi criada em 2016 pelo Estado para gerir "exclusivamente" os activos tóxicos do BPC com novos procedimentos operacionais para avaliar créditos, maximizar a recuperação e minimizar os custos. Entretanto, em Agosto do ano passado, e contrariando indicações que o FMI foi dando ao longo dos anos, o Governo autorizou a Recredit a prestar serviços de cobrança de crédito à banca comercial privada, com o objectivo de contribuir para a estabilidade e crescimento do sistema financeiro, bem como o desenvolvimento da economia nacional.

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