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Empresas & Mercados

Transição energética tem de ser "harmonizada com a contínua exploração de petróleo e gás"

Angola Oil & Gas Service and Technology Conference

O secretário de Estado dos Petróleos e Gás, José Barroso, presente na abertura do primeiro dia da conferência da AOTC, defendeu afirmou que a transição energética é uma preocupação do Governo mas que tem de ser harmonizada com a exploração e produção de petróleo e gás, este último com novo impulso, para sustentabilidade da economia do país

Decorre por estes dias em Talatona, Luanda, a conferência Angola Oil & Gas Service and Technology (AOTC) que conta com relevantes agentes económicos e políticos do sector.

No primeiro dia da conferência, que teve boas-vindas e abertura por parte do presidente da Associação das Empresas Prestadoras de Serviços da Indústria Petrolífera Angolana (AECIPA) e presidente da conferência AOTC, Braúlio de Brito, o painel de honra foi para as declarações do secretário de Estado dos Petróleos e Gás, José Barroso, e para Omar Faourk Ibrahim, secretário-geral da Organização dos Países Africanos Produtores de Petróleo (APPO).

Das declarações do secretário de Estado para os Petróleos de Angola, em representação do ministro do Recursos Minerais, Petróleo e Gás, retivemos duas ideias essenciais, a primeira a aposta no conteúdo local que conhece nova dinâmica desde o Decreto Presidencial 271/20, e também por isso José Barroso convidou os conferência a apresentar "conhecimento, formação, ideias, soluções a criação de interacções empresariais objectivas" de forma a destacar ainda mais a importância do conteúdo local no sector petrolífero, que é um tema, lembrou da responsabilidade da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, na qualidade de concessionária nacional, sob supervisão do Ministério dos Recurso Naturais, Petróleo e Gás, no que deverá "nossa opinião, constituir-se num meio privilegiado para a avaliação dos planos anuais submetidos pelas sociedades comerciais do sector petrolífero e as demais sociedades" de bens e serviços para complementar a legislação já existente.

Lembrou, a esse propósito, que a ANPG publicou recentemente no seu site os requisitos que habilitam as sociedades comerciais e em particular as de direito angolano, os empresários nacionais, para que possam concorrer e participar nos concursos em função da legislação corrente no que tem a ver com conteúdo local.

"Em Angola estão registadas, pelo menos, 232 empresas de conteúdo local que podem garantir mais de 16 mil postos de trabalho para quadros e técnicos angolanos", disse, ainda o secretário de Estado para os Petróleos e Gás.

Depois de recordar os estrangulamentos do sector devido à pandemia da covid-19, José Barroso agradeceu a "atitude positiva" e enalteceu a "resiliência" das empresas do sector, nomeadamente, as de prestação de serviços, passando depois para o segundo tema que gostaríamos de destacar: a transição energética.

"A transição energética é uma preocupação do Governo de Angola e foi realçada na cimeira do clima, COP26, em Glasgow, na Escócia por sua excelência o Presidente da República", começou por dizer enfaticamente, para falar do compromisso assumido por Angola de privilegiar as energias limpas, concretamente as que tem origem nas barragens hidroeclétricas e outras fontes renováveis de energia.

"Contudo", acrescentou o secretário de Estado para os Petróleos e Gás, "o nosso país deverá harmonizar este objectivo com a contínua produção e exploração de petróleo e gás para sustentabilidade da sua economia e também para financiar os esforços desta transição energética".

E pediu às empresas prestadoras de serviços do sector que também aqui poderão desempenhar um papel fundamental trazendo para o mercado nacional equipamentos e tecnologias de última geração que garantam operações petrolíferas mais eficientes e com menos emissões de gases de efeito estufa e que possam igualmente apoiar os esforços do Governo no sentido de contrariar "o declínio acentuado de produção que vivemos hoje".

Apelou ainda para que "empresas internacionais de tecnologia venham a criar joint-venture com empresas nacionais para acompanharem e beneficiarem das oportunidades de negócio que deverão surguir em toda a cadeia de valor da nossa indústria desde o upstream ao downstream", ou seja, desde a exploração, perfuração e produção ao transporte, distribuição e comercialização.

Deixou uma ideia essencial relativamente à produção do gás "que será de grande importância para o futuro próximo", mas em que Angola ainda está numa "primeira fase".

Por fim, sublinhou que a fase de transição energética em Angola passa pela exploração e produção de hidrocarbonetos a par de fontes de energia renováveis.

E este parece ser, cada vez mais, o discurso oficial sobre a questão. Entre o que deve ser feito e o que está a ser feito, e em resposta a uma pergunta do Expansão, Bráulio de Brito, admitiu, "não podemos fugir (à transição energética), mas nós ainda estamos num processo inicial. O país, a indústria está a criar o alinhamento para que possamos eventualmente fazer parte deste movimento de transição energética". E acrescentou que nesse aspecto Angola não é muito diferente dos países africanos produtores de petróleo.

"Ainda temos uma base de energia tradicional muito intensa, e esta energia, esses recursos, são os que suportam as nossas economias", afirmou o presidente da AECIPA.