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Refinaria de Cabinda dobra o valor e já vai nos 920 milhões USD

Há um ano foi anunciado que o investimento seria de 470 milhões USD

Afinal a refinaria de Cabinda vai custar o dobro do que estava anunciado. O projecto tinha sido entregue por adjudicação directa à Gemcorp com um valor de 470 milhões USD a 30 de Outubro de 2019, e exactamente um ano depois, em comunicado a Sonangol vem dizer que "a Gemcorp, grupo de comércio e investimento em mercados emergentes, em alinhamento com a petrolífera nacional, tomou a decisão final de investimento para a construção da Refinaria de Cabinda", só que agora o valor passa para 920 milhões de dólares.

Também os prazos já foram alargados. Inicialmente, a primeira fase deveria estar concluída no próximo ano, até ao final de 2021, já com uma produção de 30.000 barris/dia. E neste comunicado lê-se agora: "espera-se que a Refinaria entre em operação no primeiro trimestre de 2022". Já não é um compromisso, mas um factor indicativo.

No comunicado da Sonangol não há qualquer justificação para que o investimento tenha dobrado o valor, mantêm-se as mesmas características técnicas, dimensão e capacidade de produção do projecto inicial, sendo que Pedro Godinho da AmCham explica que "sobre o preço não tenho conhecimento e preferia falar somente depois de ter mais elementos. Mas a nível do sector petrolífero é normal haver alterações de custos, mas nunca nesta magnitude".

Embora sem haver conhecimento público do contrato assinado com a Gemcorp, a Sonangol explicou ao Expansão que "mantém-se o acordo de 30 de Outubro de 2019", o que significa que tal como foi noticiado em Dezembro do ano passado, o fundo será o financiador e o constructor da refinaria, e na prática o detentor da unidade de refinação. Não é no entanto claro quem vai pagar o financiamento - se o Estado angolano, se a Gemcorp com o resultado da actividade da refinaria, ou se um sistema misto em que cada uma das entidades assume uma percentagem do risco (leia-se pagamento).

Se tivermos em linha de conta aquilo que têm sido os projectos da Gemcorp em Angola e em África, o fundo deverá "arranjar" o financiamento, sendo que depois de pago com os juros exigidos, deve retirar-se do projecto e entregá-lo a uma outra entidade que poderá ser a Sonaref. A Gemcorp é um fundo de investimento, uma entidade financeira, e não uma entidade industrial.

A este propósito a Sonangol explica que "há um plano de recuperação do investimento que prevê o retorno em oito anos após o 1.º investimento e uma margem de refinação de aproximadamente 6,8 USD por barril". Atendendo às condições actuais do mercado e à experiência em outros países, pode dizer-se que é um objectivo francamente optimista. A não ser que a refinaria beneficie de um regime de preços similar ao que acontece hoje na refinaria de Luanda, onde o crude que entra para produção é valorizado muito abaixo dos preços de mercado. Era interessante que também fosse tornado público, uma vez que é do interesse de todos, o plano de negócios previsto para a refinaria, para entender da rentabilidade esperada e os pressupostos em que este foi feito.

Unidade "hydrocraker"

O aumento de 450 milhões USD do projecto de um ano atrás para o actual é explicado pela Sonangol em declarações escritas ao Expansão, fundamentalmente pelo valor de uma nova unidade "hydrocacker" com maior capacidade, que será implementada na fase 3, tendo como objectivo a transformação de todo o Fuel Oil pesado (HFO) em produtos brancos. Vão também instalar-se tanques de armazenamento de crude no espaço da refinaria e sistemas de de piplines independentes, três CBMs, para importação de crude e exportação dos produtos derivados.

(Leia o artigo integral na edição 599 do Expansão, de sexta-feira, dia 6 de Novembro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)

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