Anuptafobia ou o medo de ficarmos solteiros
Não há qualquer garantia de que vá encontrar a sua alma gémea ou cara-metade. Não tenho a certeza de que isso exista e, sinceramente, não acredito que deva ser um objectivo de vida. O que posso garantir é que tudo melhora quando trabalhamos no nosso amor-próprio
Anuptafobia é um termo que se refere ao medo irracional e persistente de ficar solteiro. É um medo que afecta a auto-estima, que faz com que a pessoa se sinta desvalorizada, desmerecedora, diferente das outras pessoas, sem sorte na vida. Este medo afecta homens e mulheres, e, na nossa realidade, costuma intensificar-se à medida que nos aproximamos dos 30 anos.
Causas da anuptafobia:
01. Pressão familiar! Conforme crescemos, há uma pressão muito grande para que encontremos alguém. "Então, quando é que casas?", "Vê lá se ficas para tia/tio!", "A tua irmã mais nova já casou...".
02. Pressão social. É-nos passada a ideia de que formar uma família é a obrigação - e até mesmo o sonho - de todos os que atingem a idade adulta. Aprendemos que o casamento traz tranquilidade, legitimidade, credibilidade, dispersa dúvidas. A pessoa casada torna-se menos perigosa para a manutenção da coesão social.
03. Traumas passados. Pessoas que passaram por episódios graves de rejeição, como no caso de abandono ou morte de um ou dos dois pais (experienciada, simbolicamente, como uma rejeição), podem acreditar que nunca poderão ser amadas.
04. Dependência emocional. A carência, a insegurança e o medo da solidão podem tornar-se avassaladores.
Sintomas da anuptafobia:
Obsessão com a ideia de encontrar um parceiro. Comparação excessiva com as outras pessoas. Tristeza profunda por ainda não ter ninguém. Pessimismo. Depressão por acreditar que nunca será escolhido.
Consequências da anuptafobia:
01. Ansiedade generalizada.
02.Fobia social (medo de falar em público, por exemplo).
03.Sentimentos de fracasso, inferioridade e não merecimento.
04.A anuptafobia pode levar a pessoa a juntar-se a um parceiro abusivo, manipulador ou violento, por acreditar que não conseguirá melhor, e que mais vale um parceiro mau do que nenhum.
O que é que isto tem a ver com o serviço?
01. O modo como nos sentimos afecta a nossa motivação e produtividade no local de trabalho, e até mesmo a nossa saúde física.
02.A anuptafobia é muitas vezes alimentada pelo bullying no trabalho (assédio moral) que surge frequentemente em comentários como: "Isso é falta de homem!" (sobre mulheres). "Vê lá se ele não é gay" (dito como algo negativo, sobre homens).
03.O bullying no trabalho pode assumir contornos de censura moral, em que se criam narrativas que humilham e denigrem o carácter de uma mulher, só por estar sozinha. Surgem especulações e fofocas sobre a sua vida pessoal (se sai, se bebe, quem recebe em casa, com quem apanha boleia, etc.).
Garantias:
Não há qualquer garantia de que vá encontrar a sua alma gémea ou cara-metade. Não tenho a certeza de que isso exista e, sinceramente, não acredito que deva ser um objectivo de vida. O que posso garantir é que tudo melhora quando trabalhamos no nosso amor-próprio.
Porque é que o amor-próprio importa?
Porque é connosco que nós estamos 24 sobre 24 horas, a vida toda. Já pensou como seria ficar preso com um inimigo a vida toda? Muitas pessoas vivem assim, dentro da sua própria mente. Não é saudável.
Isso significa que devemos ficar sozinhos para sempre?
Não significa nada disso. Significa que devemos gostar de nós a ponto de o nosso bem-estar ser a nossa prioridade, independentemente de estarmos com alguém, com vários alguéns, ou sem ninguém.
Estratégias?
Vou dar-lhe estratégias para começar ou continuar a cultivar o amor por si mesmo, para aumentar a sua auto-estima, para que a pressão dos outros e da sociedade não tenham (tanto) impacto na sua felicidade pessoal.
Leia o artigo integral na edição 813 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Fevereiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)