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O novo Twitter de Musk... devemos ficar ou o melhor é sair já?

EM ANÁLISE

O mesmo sentimento de caos e desorientação tem consumido a plataforma, uma vez que Musk tem mexido de forma aleatória com os mecanismos de moderação de conteúdo e verificação de contas do Twitter, por vezes emitindo e revogando uma nova política quase instantaneamente.

Elon Musk disse que assumiu o controle do Twitter para preservar o seu papel como uma praça digital global. A julgar pelos primeiros 10 dias como CEO da empresa, tornou-o mais parecido com o seu próprio quintal digital, um lugar onde ele se dedica a gritar disparates aos vizinhos, expulsar aqueles que o contrariam e rever caprichosamente as regras do quintal!

Como líder da Organização, tem sido ignóbil e incorreto, instruindo os seus executivos a despedirem quase metade da força de trabalho por e-mail, tendo alegadamente tentado recrutar alguns deles de volta apenas uns dias depois. Os profissionais habituados a trabalhar remotamente foram subitamente mandados de volta para o escritório - ou então seriam também automaticamente despedidos. O mesmo sentimento de caos e desorientação tem consumido a plataforma, uma vez que Musk tem mexido de forma aleatória com os mecanismos de moderação de conteúdo e verificação de contas do Twitter, por vezes emitindo e revogando uma nova política quase instantaneamente.

No dia 6 de novembro, uma semana depois de declarar que "a comédia agora é legal no Twitter", ditou que as contas que não se identificassem como tal seriam permanentemente suspensas. Alguns tomaram a notícia como uma ocasião para comentários kamikaze. "Sou uma absolutista da liberdade de expressão e como porcaria ao pequeno-almoço todos os dias", twettou a comediante Kathy Griffin, em nome de Musk, e foi prontamente bloqueada. Como twittou uma jornalista chamada Lauren Dombrowski, "estar no Twitter neste momento é como tocar violino no Titanic, só que também estamos a gozar com o icebergue e o icebergue é genuinamente louco". Como é que os utilizadores saberão quando é hora de abandonar este navio?

Uma consultora tecnológica estimou esta semana que o Twitter tenha perdido mais de um milhão de utilizadores desde a aquisição de Musk. A este propósito, li um comentário interessante de um jovem jornalista americano que também decidiu deixar a plataforma esta semana: "Tenho um problema com a ideia de que alguém pode mudar uma indústria inteira apenas por capricho." Mas temo que esta telenovela a que estamos a assistir em tempo real também possa estar a atrair novos utilizadores anteriormente desinteressados.

Na semana passada, Musk tweetou um gráfico com os utilizadores ativos diários do Twitter que mostrava um aumento acentuado nas últimas duas semanas. Outros analistas confirmaram um salto recente nos downloads da aplicação. As eleições americanas também podem ter ajudado a dar um impulso à plataforma. Musk decidiu adiar o relançamento de um novo sistema de verificação de contas para depois das eleições, em resposta às preocupações de que as contas pudessem fazer-se passar por políticos.

Mas, por incrível que pareça, não se conteve de pôr o próprio dedo no tema, aconselhando os seus mais de 110 milhões de seguidores a votar no partido republicano. Para alguns dos utilizadores mais entrincheirados no Twitter, a plataforma apresenta agora um dilema moral e ético: utilizar e apoiar o brinquedo de 44 mil milhões de dólares de Musk, ou desistir e sacrificar todo o percurso e seguidores que se adquiriu?

Nos últimos dias, instalou-se uma atmosfera de luto pelos primeiros anos do Twitter. Era uma experiência muito mais íntima. Os posts só circulavam a um ou dois contactos de nos próprios. Mas, com o tempo, a plataforma tornou-se cada vez mais negativa, até que qualquer tweet poderia ser recebido com um enxame de hostilidade de estranhos. Muitos estavam realmente à espera que isto agora melhorasse com Musk. Mas, ao vê-lo usar o Twitter como um brinquedo pessoal - e a espalhar desinformação, ele conseguiu descer a plataforma a um novo "mínimo moral histórico"