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Grande Entrevista

"Estamos preocupados porque a a instalação de centrais solares no sul não foi aberta a privados"

Victor Fontes, presidente da Associação Angolana de Energias Renováveis

Com 33 associados (e mais 18 em processo de adesão), a ASAER é a primeira associação angolana dedicada exclusivamente às energias renováveis. Criada com um foco marcadamente empresarial, defende o investimento privado, o fim dos subsídios aos preços da energia e a criação de condições para o surgimento de novos operadores

Que descrição faria se alguém lhe pedisse para explicar rapidamente o sector das energias renováveis em Angola?

É muito importante fazer uma clarificação sobre o que consideramos energias renováveis. Não podemos esquecer que cerca de 70% da produção nacional de energia é proveniente de fontes renováveis. Por isso é que hoje em dia se fala em novas energias renováveis quando nos referimos ao solar, eólico ou hidrogénio, por exemplo. Felizmente, o País tem esse potencial hídrico e tem estado a desenvolvê-lo nos últimos anos, com um aumento significativo da produção e enormes avanços. Falando de novas energias renováveis, que é o que realmente estamos aqui a divulgar e a defender um papel mais significativo para o futuro, os estudos feitos referem que Angola tem uma capacidade na ordem 18 GW hídrico (16 GW solar fotovoltaico, 3,9 GW eólico e 4 GW biomassa). No caso dos sistemas fotovoltaicos, o nosso país vai ter, certamente, um papel relevante a desempenhar. A situação caracteriza-se ainda pela existência de um conjunto de realizações que tiveram início com os projectos das aldeias solares e com algumas iniciativas isoladas. Também não podemos esquecer que a expansão da rede telefónica móvel esteve associada à utilização de painéis solares que suportam o funcionamento dos repetidores.

Também foi implementada alguma iluminação pública alimentada por energia solar.

Nesse caso tivemos alguns investimentos, mas sem continuidade. Na sua maioria, foram programas que não tiveram em conta um elemento fundamental e que justifica o falhanço de muitas iniciativas: fazemos investimentos sem prever a manutenção dos equipamentos. Diria que é um dos calcanhares de Aquiles de todo o nosso percurso enquanto País. O que acontece? Os investimentos acabam por desaparecer, foi o que sucedeu com a iluminação solar em algumas cidades. No sector privado algumas instituições bancárias investiram em centros alimentados por painéis solares, o mesmo aconteceu em empreendimentos agrícolas ou no programa Água para Todos. Nos últimos três anos o Ministério da Energia e Águas (MINEA) investiu num conjunto de centrais híbridas que são exploradas pela PRODEL. São centrais de 5 MW (dois de energia solar e três de térmica) que estão, tanto quanto sei, em funcionamento. Também foi iniciado um programa, com investimento directo do governo e financiamento externo, que pretende gerar mais 370 MW. É uma das nossas lutas: ainda há, na minha opinião, uma noção indevida no que diz respeito aos chamados financiamentos.

Em que sentido?

Pensa-se que alguns financiamentos são um investimento, mas na realidade, em muitos casos, não há financiamento nenhum. Quando aparece uma empresa a anunciar um financiamento de 500 ou mil milhões USD, na verdade essa empresa não está a investir nada, quem está a investir é o Estado.

(Leia o artigo integral na edição 646 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Outubro 2021, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)