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Grande Entrevista

Precisamos de fiscalização preventiva para combater concorrência desleal e produto contrafeito

FARID BOUHAMARA CEO DA NATIONAL DISTILLERS

A informação de que as saquetas eram um negócio que o Executivo queria acabar caiu que nem uma bomba na National Distillers, a dona da marca Best, que investiu mais de 56 milhões USD no País. O CEO defende que é preciso legislar o sector para defender quem cumpre as regras.

A National Distillers abre a sua fábrica em Angola em 2015, dando inicio à produção de whisky, gin e licor com a marca Best. Como é que nasceu este projecto de Investimento Directo Estrangeiro?

O projecto da National Distillers em Angola inicia-se em 1998, por via da importação do Best, que era feito na África do Sul. Em 1998, os accionistas, que eram duas famílias, decidiram embarcar e montar o grupo que é a holding, que hoje tem a sede na Irlanda. E então decidiram montar a marca Best, que começou a propagar-se para vários países do continente africano. Angola foi um deles. À medida que o mercado foi aceitando a marca, o grupo decidiu avançar com a construção da fábrica em 2014. E em 2015 iniciou-se a produção do Best em Angola.

Além do Best, o grupo tem no seu portfólio outras marcas famosas de whisky...

São os detentores da marca Macallan e também do Famous Grouse. Embora possamos estar aqui a falar de segmentos diferentes. A marca Best acaba por se caracterizar por ser um produto premium, em termos de qualidade, mas em termos de posicionamento está no mercado main stream. Acabamos por ter aqui uma relação custo-benefício que consegue competir em todas as franjas de consumidores, quer com o mercado de menor poder de compra, quer o mercado com maior poder de compra.

O Best é conhecido em Angola por ser a bebida dos pacotinhos. Recentemente o Expansão fez uma reportagem sobre o consumo deste tipo de bebidas espirituosas, que os médicos consideram ser um problema de saúde pública.

Infelizmente tem acontecido ao longo dos últimos tempos muitos estereótipos negativos que estão associados ao segmento das saquetas, que nós operamos, e de facto é aqui importante referir que a indústria de bebidas é das mais antigas do país, que hoje atingiu um determinado nível de sofisticação, que também emprega muitas pessoas neste país. É uma indústria que muito contribui para a receita fiscal e tem um impacto significativo no nosso PIB. Com isso, de facto, há agentes sérios, com dimensão, que estão a operar nesse segmento. E o nosso contributo tem sido sempre o de proporcionar o melhor produto, que responde a standards internacionais.

O Best é feito com verdadeiro malte escocês...

O Best, que é uma marca internacional, é feito em muitos países onde operamos, e o verdadeiro factor de diferenciação que caracteriza o Best, nomeadamente o whisky, está assente num malte que importamos da Escócia, que passa por um processo de envelhecimento de três anos. O malte é recebido num estado liquefeito e depois é incorporado na nossa bebida em Angola. Portanto, somos a única empresa em Angola que tem essa autorização e que tem o seu estatuto reconhecido, não só pela associação escocesa de whisky, mas também pela autoridade tributária escocesa. Esse factor de diferenciação leva-nos a defender a nossa posição, porque é um projecto que resulta de Investimento Directo Estrangeiro, que de facto está a ter sucesso, e que nos leva a defender a nossa marca. O Best não pode ser confundido com nenhuma outra marca, porque somos a única marca com estatuto de scotch whisky em Angola.

A empresa está a tentar mudar a forma como se olha para a marca Best, pois já produz garrafa premium. As saquetas não acabam por desvalorizar um pouco a própria marca?

Eu acho que não.

Mas há esse risco...

Sim, mas depende da forma como nós fizermos esse caminho. E o caminho que estamos a fazer consiste em diferenciar esse tipo de produto. A saqueta é direcionada para um segmento determinado, tanto é que acabamos por nem sequer comunicar [ou publicitar] a saqueta, uma vez que o consumidor identifica, conhece- -o, portanto não precisa de um trabalho de marketing aprofundado. Agora, a aposta tem sido precisamente no produto que agrega valor, que é a garrafa, que está direcionado para um consumidor diferente, mais exigente, que quer um outro estatuto. Mas no fim do dia, o importante é que fossemos criar um equilíbrio que permita que a marca seja uma marca democrática e que consigamos ter uma oferta que possa ser ajustada a todas as franjas da nossa sociedade. Portanto, naturalmente a ambição poderá ser lançar uma marca premium, mas qual é que é a franja do premium?

É pequena...

Portanto, é preferível, se calhar, ter um produto ajustado a esse segmento, que vai trabalhar esse nicho de mercado. Mas para isso também estamos a lançar novos produtos, novas marcas. Agora, naturalmente há um trabalho feito de alavancagem da marca, que temos vindo a fazer, posicionar o Best num patamar diferente, para comunicar aquilo que são os atributos do Best, quais são os factores diferenciadores que a marca tem.

E o consumidor sabe?

É importante que haja aqui uma componente de sensibilização junto do consumidor, para que este tenha a consciência de que o mais barato nem sempre será o mais económico a longo prazo, porque é preciso acautelar as componentes de qualidade, quem é que produz, como é produzido, para que efectivamente não se vá inferir em caminhos que depois mais tarde vão criar problemas de saúde pública, que naturalmente serão bastante mais caros e mais complicados para todos nós.

Leia o artigo integral na edição 742 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Setembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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