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Grande Entrevista

"Temos potencial de reservas de gás suficientes para transformar Angola num Qatar

CHRISTIAN ISSA DIRECTOR GERAL DA ANGOLA INTEGRATED SERVICES (AIS)

O director e um dos accionistas da Angola Integrated Services (AIS), uma das empresas angolanas seleccionadas para operar um dos blocos do onshore, fala sobre as descobertas de gás no país e o potencial a ser descoberto. Aponta medidas para mitigar o impacto do declínio da produção. Sobre o conteúdo local diz que ainda não se sente na prática os benefícios da lei.

Em Setembro do ano passado a Agência Nacional de Petróleo Gás e Biocombustíveis (ANPG) publicou o resultado das licitações para os blocos onshore nas bacias do Baixo Congo e do Kwanza. Entre as 16 empresas seleccionadas 13 são nacionais e a sua, a Angola integrated Services (AIS), é uma das angolanas que recebeu voto de confiança para ser operadora no onshore. Como está este processo?

O processo da licitação dos blocos onshore, onde se deu preferência às empresas angolanas, é para mim uma das decisões mais estratégicas ao nível do país, diria até mesmo do continente.

Porquê?

Quando olhamos para África, em geral, constatamos que temos recursos em abundância, mas quem explora estes recursos são empresas que vêm de países que muitas vezes não têm estes recursos.

Que factores estão na base desta realidade?

Isto tem a ver com as escolhas estratégicas que temos feito. Muitos dizem que as empresas angolanas não têm experiência de exploração de petróleo, e que foi um erro atribuir a operação de blocos petrolíferas às empresas nacionais. Concordo que não há experiência prévia de exploração de petróleo por parte das empresas nacionais. Mas a pergunta que vale um milhão de dólares é: como se adquire esta experiência?

E de que forma responderia à sua pergunta?

Eu diria que a experiência se adquire fazendo, o que significa que o processo de construção de capacidades das empresas angolanas na exploração e produção de petróleo passa por dar-lhes oportunidades e desafiá-las a desenvolver projectos que agregam valor à economia. É a única forma de mudar este paradigma que existe há 200 anos em que as empresas africanas não exploraram os seus próprios recursos.

Actualmente, as empresas nacionais são responsáveis por apenas 2% da produção petrolífera do país em blocos operados.

São as empresas europeias, asiáticas e americanas que exploram 98% de todos os recursos mineiros e petrolíferos de Angola e de África. A mudança deste paradigma nos próximos anos começa agora com a lei do conteúdo local, onde o governo diz desta vez vamos apostar nas nossas empresas para explorar e produzir o nosso petróleo e servir de suporte à indústria de petróleo e gás. Isso vai começar pelo onshore, onde a tecnologia é muito mais simples e os processos são menos complexos que no offshore.

(Leia o artigo integral na edição 678 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Junho de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)