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Grande Entrevista

"Vamos ser operadores. A ACREP está a adquirir os direitos de operação num bloco"

CARLOS AMARAL, PRESIDENTE DA ACREP

O presidente e accionista da petrolífera ACREP falou sobre a estratégia que, ao fim de 17 anos de existência, vai permitir à empresa passar de investidor a operador. ACREP negoceia entrada como operador num bloco onshore em Cabinda, já em produção. Falou da preparação da empresa para a Bolsa de valores e analisou a contribuição da transição energética no processo de diversificação da economia.

Sabemos que 2020 foi um ano horrível para o sector petrolífero, com as maiores petrolíferas a registarem resultados negativos e as multinacionais, como a Exxon e a Chevron, tiveram de pedir dinheiro emprestado aos bancos para pagar dividendos. Por cá, a Sonangol teve prejuízos em 2020, mas anunciou o regresso aos lucros em 2021. Qual a situação da ACREP?

Para a ACREP não podia ser diferente. Como os outros, também tivemos resultado negativo, e muito grande. Em 2020, tivemos um prejuízo na ordem dos 10 milhões USD. Ou seja, as nossas receitas diminuíram de 30 milhões para 11 milhões USD e os custos permaneceram constantes.

Um ano difícil?

Na verdade, foi o que aconteceu a todas as petrolíferas do mundo. Por cá, a própria Sonangol teve resultados negativos. E não podia ser de outra maneira, porque os custos estavam bem controlados, contudo as receitas foram inferiores aos custos.

Que impacto teve a crise da pandemia da Covid-19 sobre os vossos projectos?

Apesar de 2020 ter sido um ano mau para todo o mundo, a ACREP não cruzou os braços. E, na realidade, assinou um novo contrato de pesquisa. A crise não atrapalhou a nossa estratégia de longo prazo. Assinámos um contrato de pesquisa de águas profundas para o bloco 1/14, onde estamos a trabalhar com duas das maiores majors do mundo, a ENI como operadora e a Equinor como parceiro.

Apesar do prejuízo, continuaram a investir?

A crise é um facto. Mas não nos desviámos dos objectivos de longo prazo. Tivemos como estratégia continuar a fazer pesquisa de recursos petrolíferos onde podíamos ter mais valias. Decorreu recentemente a licitação de 9 blocos no onshore nas bacias do Baixo Congo e do Kwanza. Este concurso foi dominado por empresas angolanas.

Por que razão a ACREP, como a segunda empresa mais antiga entre as petrolíferas privadas do país, não participou?

Não entrámos no concurso por vários motivos. Um deles porque aceitámos este acordo para entrar no 1/14, que, sem dúvida, tem muito mais potencial do que qualquer bloco do onshore disponível no concurso que estava em licitação. Já regressaremos ao bloco 1/14.

Qual o resultado operacional da ACREP em 2021. Prevê o regresso aos lucros?

Na verdade, regressámos aos lucros. As contas já estão auditadas desde Março e, no final deste mês, vamos ter a assembleia geral para aprovação das contas. Um mês mais tarde do que devia. Mas voltámos aos lucros, tivemos resultados na ordem dos 6 milhões USD, que para nós é um valor pertinente. Por outro lado, 2021 representou para a ACREP uma mudança de estratégia.

Explique melhor?

Para além de assinarmos um contrato novo de pesquisa no bloco 1/14 operado pela ENI, também decidimos e fizemos esforços para nos tornarmos operador a nível do onshore e essa, se calhar, é a grande novidade se conseguirmos passar no teste da Agência de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), e se os parceiros do bloco ao qual nos candidatamos para ser operadores não exercerem o direito de preferência.

(Leia o artigo integral na edição 670 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Abril de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)