Cidadãos aguardam mais de 6 horas/dia nas paragens e comprometem produtividade
A necessidade de chegar cedo ao trabalho obriga a longos tempos de espera por táxi nas "paragens do terror". Não é só o tempo que se perde, mas o desgaste físico e mental, que leva a consequências negativas para a saúde e a produtividade. Um pesadelo que a maioria da população enfrenta diariamente.
O Expansão constatou, durante três meses, junto das principais paragens de táxi na província de Luanda que, em média, os passageiros aguardam mais de 3 horas para apanhar transporte para ir trabalhar ou estudar e mais outras 3 horas para regressarem a casa, num total de 6 horas por dia, o que influencia negativamente a produtividade no trabalho e na escola.
Para este trabalho, que visa averiguar o tempo que os trabalhadores e estudantes perdem nas deslocações entre o trabalho e a casa, o Expansão tomou como pontos de referência a paragem principal de Viana, junto ao Candando, o Desvio do Zango, o Benfica, junto à Girafa, a Mutamba, na baixa da cidade, junto à Universidade Lusíada, a rotunda da Camama e a avenida Ho Chi Minh, no largo Primeiro de Maio. Nestes locais foi entrevistado um conjunto de cidadãos, fundamentalmente trabalhadores e estudantes.
Nas horas de ponta, de manhã (6h00) e no final da tarde (17h00), apanhar táxi numa destas paragens parece uma "missão impossível" para quem vai para o trabalho, saindo da periferia para os centros urbanos, ou para quem deseja regressar cedo a casa. Levantar cedo ou sair tarde do local de trabalho nem sempre garante que se consiga um lugar no táxi sem luta.
Segundo constatou o Expansão, as rotas mais difíceis variam consoante a paragem e o trajecto. Ou seja, da paragem de Viana para o Zango; do desvio do Zango para para o Benfica; do Benfica para a Mutamba (baixa) ou para o Aeroporto 4 de Fevereiro; da Camama para o Benfica; ou do Primeiro de Maio para o Zango ou para o Benfica, os passageiros podem aguardar mais de 6 horas por dia.
Já nos transportes públicos, o tempo de espera varia dependendo da rota e da quantidade de autocarros. Por exemplo, na rota Viana-Largo das Escolas, a frequência de transportes é maior, podendo levar a um tempo de espera inferior a uma hora. O mesmo não se pode dizer da rota Benfica-Primeiro de Maio, onde os passageiros chegam a aguardar perto de 5 horas na paragem.
Segundo o último Relatório sobre o uso do tempo, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referente ao IV trimestre de 2022, que foi publicado em Maio, a ida e volta do trabalho é um trajecto que alguns membros do agregado fazem com regularidade. Para isso, explica o relatório, os cidadãos dedicam em média cerca de sete horas (7h29) semanais na ida e volta, nas zonas urbanas. Nas zonas rurais, regista-se em média oito horas (08h18), quase uma hora a mais, embora o relatório não explique as razões desta diferença de tempo.
Estas sete horas e meia por semana, nas zonas urbanas, representam uma hora e meia por dia, ou seja, quatro vezes menos do que as horas gastas pela maioria da população, numa semana de trabalho ou de escola.
Leia o artigo integral na edição 834 do Expansão, de Sexta-feira, dia 11 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)