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África

Crise tarifária é oportunidade para Zona de Comércio africana

MINISTROS DO COMÉRCIO AFRICANO REÚNEM EM KINSHASA PARA DELIBERAR E TOMAR UMA DECISÃO CONJUNTA

"Acredito que o Presidente dos EUA nos deu um sinal de alerta, e esse sinal de alerta é que devemos acelerar a nossa autosuficiência económica", afirmou o secretário-geral da Zona de Comércio Livre Africana, Wemkele Mene. Ministros do Comércio africanos reúnem no dia 15 de Abril, em Kinshasa, para concertar posições.

As tarifas impostas pela Administração Trump são uma "oportunidade para África consolidar e construir um mercado que permita ao continente erguer-se economicamente pelos seus próprios pés", defende Wamkele Mene, secretário-geral da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA, na sigla em inglês), que convocou os ministros do comércio africanos para uma reunião em Kinshasa, República Democrática do Congo (RDC), no dia 15 de Abril, para tomar uma posição conjunta.

Apesar da posição que cada país vier a adoptar - muitos optaram por desencadear negociações com os EUA, como é o caso de Angola (ver página 22) - a AfCFTA quer aproveitar para acelerar a integração no mercado único continental. "Acredito que o Presidente dos EUA deu- -nos um sinal de alerta, e esse sinal de alerta é que devemos acelerar a nossa autosuficiência económica", afirmou Mene, em Acra, no Gana, onde está sediado o secretariado da organização.

A posição de Wamkele Mene está alinhada com o que defende o director executivo do Ecobank Transnational. Em entrevista à Bloomberg, Jeremy Awori afirmou que os países africanos podem amortecer as potenciais consequências económicas das novas tarifas dos EUA aumentando o comércio entre si.

As tarifas de Trump, segundo Awori, "irão substituir a Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), programa que está em "banho-maria" desde que Trump tomou posse, e, através do qual, cerca de 30 nações africanas se basearam para desenvolver indústrias orientadas para a exportação, incluindo têxteis e vestuário", como foram os casos da Etiópia e do Lesoto.

A Etiópia está entre os 31 países africanos sujeitos a tarifas mínimas de 10%, grupo no qual se incluem o Quénia, Gana, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe. E o Lesoto (50%) é o país com a taxa mais alta, num total de 18 economias africanas a quem os EUA aplicaram tarifas recíprocas (ver gráfico) e que fazem parte dos que foram classificados como "piores infractores" devido aos obstáculos aos produtos norte-americanos.

O Presidente do Zimbabué, com uma tarifa recíproca de 18%, foi um dos primeiros líderes africanos a reagir ao plano tarifário de Trump. Emmerson Mnangagwa apressou-se a escrever na rede social X que "vai ordenar ao governo do Zimbabué que suspenda todas as tarifas sobre os produtos originários dos EUA" para construir uma relação "mutuamente benéfica". O Presidente de África do Sul, o país africano que mais exporta para os EUA, disse que não responderá por despeito ou guiado por emoções à tarifa de 31% aplicada ao país.

Décadas para reabilitar a reputação dos EUA

Mais de 50 países contactaram a Administração norte-americana a solicitar o início das negociações sobre as tarifas, segundo afirmou no domingo o conselheiro económico da Casa Branca, Kevin Hassett, deixando a entender que a estratégia de Trump estava a dar resultado. Posição que contrasta com o alerta do CEO da BlackRock. Larry Fink antecipou que o mercado bolsista pode ver os declínios aprofundarem-se em mais 20%, no meio da incerteza sobre as tarifas do presidente Trump, numa declaração na segunda-feira, dia em que a Goldman Sachs aumentou de 25% para 45% a probabilidade de recessão nos EUA.

A contestação dos líderes empresariais norte-americano às tarifas também aumentou de tom, com o bilionário Bill Ackman, que apoiou a candidatura de Trump em 2024, a afirmar no domingo que as novas tarifas equivalem a lançar uma "guerra nuclear económica".

"O investimento empresarial vai parar, os consumidores vão fechar as carteiras", escreveu no X o fundador e director executivo da Pershing Square Capital Management, uma empresa de gestão de fundos. "A nossa reputação junto do resto do mundo será gravemente afectada, o que levará anos e potencialmente décadas a reabilitar", salientou.

As tarifas anunciadas por Trump, no dia 2 de Abril, provocaram um autêntico vendaval nas bolsas. As principais bolsas europeias abriram na segunda-feira, dia 7, em queda livre, seguindo a tendência das praças asiáticas, que continuaram em queda, na quarta-feira, quando Trump aplicou tarifas de 104% à China, após Pequim impor taxas de 84% como retaliação pela tarifa de 34% anunciada a 2 de Abril, cunhado como "Dia da Libertação".

Leia o artigo integral na edição 821 do Expansão, de sexta-feira, dia 11 de Abril de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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