Sentimento empresarial na região melhora no início de 2025, diz BM
Banco Mundial constata que o sentimento empresarial nas economias africanas registou melhorias no início de 2025, com os indicadores de alta frequência a apontarem para uma "melhoria da actividade transformadora e dos serviços em todos os países". Mas o crescimento não chega para "reduzir significativamente a pobreza".
O crescimento económico na África Subsariana "está a mostrar alguma resiliência, apesar da incerteza na economia global e do limitado espaço fiscal", conclui o Banco Mundial, nas perspectivas de crescimento para a região, que põem 16 economias a crescer acima de 5%, lideradas pelo Senegal (com 7,9%), ao mesmo tempo que regista "sinais de melhoria do sentimento empresarial".
O crescimento na região subsariana deverá acelerar de 3,4% em 2024 para 3,5% em 2025 (abaixo dos 3,8% previstos pelo FMI), impulsionado principalmente pelo aumento do consumo interno e pelos investimentos, à medida que a inflação abranda e as moedas estabilizam. No entanto, o crescimento ainda não será "suficientemente forte para reduzir significativamente a pobreza e satisfazer as aspirações das populações", uma preocupação central da 31ª edição do Africa"s Pulse, que se centra na melhoria da governação e na prestação de serviços às populações em África.
Segundo o Banco Mundial, o rendimento real per capita em 2025 deverá ser 2% inferior ao seu pico de 2015 e 0,6% inferior ao nível de 2019, o ano que antecedeu a pandemia da Covid-19, devido à recuperação "lenta" dos vários choques globais da última década.
"Os países abundantes em recursos registaram uma década de futilidade no crescimento per capita, sendo os níveis de 2025 inferiores ao pico de 2015 em 12% entre os países frágeis e 19% entre os países não frágeis", refere o Banco Mundial, notando que a "incapacidade da região em recuperar o ritmo de crescimento dos últimos 10 anos está associada à desaceleração do crescimento do investimento".
No entanto, a dinâmica dos investimentos variou bastante entre os grupos de países da região. Na última década, o crescimento do investimento manteve-se resiliente entre os países não abundantes em recursos, fossem eles frágeis ou não.
Melhoria na actividade transformadora
Segundo o Banco Mundial, os países ricos em recursos e os que enfrentam fragilidades, conflitos e violência estão a crescer mais lentamente do que as economias mais diversificadas, e a região está a lutar para criar empregos de qualidade em número suficiente para a sua população jovem.
"Existe um fosso cada vez maior entre as aspirações das pessoas a terem bons empregos e serviços públicos funcionais e os mercados e instituições muitas vezes insuficientes", afirmou Andrew Dabalen, economista-chefe do Banco Mundial para a Região de África, insistindo na necessidade de "reformas urgentes, apoiadas por uma maior concorrência, transparência e responsabilização".
Estes são factores "fundamentais para atrair investimentos privados, aumentar as receitas públicas e criar mais oportunidades económicas para milhões de africanos que entram no mercado de trabalho todos os anos", refere o Banco Mundial, notando que a África Subsariana enfrenta um "maior nível de incerteza devido a alterações na dinâmica comercial, a conflitos regionais e às alterações climáticas que afectam as pessoas e as colheitas".
Apesar disto, o Banco Mundial constata que o "sentimento empresarial nas economias africanas registou sinais de melhoria no início de 2025", com os indicadores de alta frequência a apontarem para uma "melhoria da actividade transformadora e dos serviços" em todos os países.
O sentimento empresarial continua a expandir-se em alguns países (Quénia, Nigéria e Zâmbia), enquanto noutros recuperou da contracção (Gana e Moçambique) ou mantém-se contido (África do Sul e Uganda).
África do Sul, a economia mais industrializada, terminou o ano com uma recuperação suave. O PIB cresceu 0,6% numa base trimestral, graças a uma recuperação da actividade agrícola (17,2% face ao trimestre anterior), seguida pelas finanças e pelo comércio.
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