O acidente é já tido como um dos mais mortais na África Ocidental, e aconteceu quando os dois camiões chocaram Wellington, um subúrbio nos arredores de Freetown, a capital da Serra Leoa.

As imagens do acidente dão conta da violência da explosão e do seu efeito devastador.

"Nunca vi nada assim em todos estes anos como cirurgião", disse Mustapha Kabba, chefe do Hospital Connaught, o maior centro médico da cidade, citado pelo The Washington Post, e ainda acrescentou, "temos muitos feridos graves, muitas queimaduras, muitos cadáveres".

O acidente ocorreu esta sexta-feira, dia 5 de Novembro, e na manhã deste sábado os médicos viam-se a braços com dezenas de feridos e a falta de medicamentos para acudir aos queimados.

Há algumas explicações para esta enorme tragédia, uma delas é que as pessoas começaram a rodear o camião-cisterna para aproveitar o combustível que, entretanto, escorria, quando o camião explodiu.

"Há cadáveres por toda a parte", disse uma testemunha, Jusu Jaka Yormah, aos repórteres no local, depois de ter partilhado, via WhatsApp, o que estava a acontecer no local, dizendo, "há pessoas a gritar por todo o lado, pessoas que estão a arder vivas". E por isso um dos primeiros bombeiros a chegar ao local descreve o que viu como "um inferno".

Segundo as autoridades, o camião-cisterna chocou com outro camião que transportava granito, quando um deles estava parado junto a um posto de gasolina. Os motoristas saíram dos veículos e fizeram o que puderam para manter as pessoas afastadas dos camiões, mas não conseguiram, porque o anseio por apanhar combustível foi maior do que o risco.

Hoje, ainda havia corpos a serem recuperados, também por isso que o número de mortos ainda está longe de ser o definitivo.

O Presidente da Serra Leoa, Jilius Maada Bio estava na Escócia, na cimeira do clima COP26 quando foi confrontado com esta notícia e reagiu através do Twitter evidentemente consternado.

O presidente do país, que esteve na Escócia no sábado para a cúpula do clima da ONU, tuitou uma imagem de pessoas em pé ao redor dos destroços fumegantes.

Em 2017, a Serra Leoa assistiu a uma outra tragédia, a do deslizamento de terras do Mount Sugar, também nos arredores de Freetown, que provocou a morte a cerca de mil pessoas e destruiu milhares de casas.

Estes acidentes têm acontecido um pouco por toda a parte nos diversos países africanos, também com as pessoas a tentarem aproveitar o combustível que, entretanto, começa a jorrar dos camiões-cisterna sinistrados.

Duas explosões em 2019, uma no Níger e outra na Tanzânia, provocaram a morte a 165 pessoas, somando os dois acidentes, no Quénia, um acidente semelhante, em Julho último, matou 13 pessoas.