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África

Zâmbia tem resgate de 1,4 mil milhões de dólares do FMI

O primeiro país africano a entrar em default desde o início da pandemia

O país entrou default e deixou de pagar a vários credores, em particular à China. Chegar a acordo com o FMI não foi fácil, foram meses e meses de negociações que culminaram com a assinatura do acordo no final da semana passada

A Zâmbia concordou com os termos de um resgate de 1,4 mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI), numa altura em que o país está tecnicamente falido, apesar da sua enorme riqueza em cobre. O resgate levou meses e meses a ser negociado, mas finalmente houve acordo na passada sexta-feira.

A Zâmbia foi a primeira nação africana a entrar em default desde o início da pandemia. Tem agora uma linha de financiamento a três anos mas que ainda precisa da aprovação do board do FMI, o que normalmente não é mais do que uma formalidade.

O actual presidente zambiano Hakainde Hichilema, que sucedeu a Edgar Lungu que arrastou as negociações com o fundo mesmo com o país em incumprimento, chegou a acordo com a instituição multilateral para resgatar o país.

A Zâmbia é o segundo maior produtor de cobre do continente africano e tem, por estes dias, uma dívida externa de 15 mil milhões de dólares.

Hichilema já tinha assumido que encontrou os cofres do país "completamente vazios", mas os problemas eram mais vastos e o acordo do FMI é essencial para convencer a China e outros credores privados a reestruturar as dívidas.

A Zâmbia suspendeu, no ano passado, o pagamento de mais de 3 mil milhões de dólares de eurobond e negociou um eventual cancelamento da dívida com credores chineses.

O FMI vai adiantando que o país tem de "empreender reformas económicas ousadas e ambiciosas", nas palavras de Allison Holland, chefe da missão do FMI na Zâmbia.

Quando chegou ao poder, Hichilema sinalizou a vontade de terminar rapidamente as negociações com o FMI, o que, de facto, aconteceu.

Mesmo com o apoio do FMI e da recuperação dos preços do cobre nos mercados globais, há problema um problema urgente para resolver: o ministério das Finanças já admitiu que a dívida da Zâmbia à China é de 6 mil milhões de dólares, o dobro do que se pensava. E os credores dos títulos de dívida zambiana acham que tudo o dinheiro que vier será canalizado para pagar a dívida chinesa. O governo já garantiu que todos os credores serão tratados da mesma forma.

Entretanto, a Zâmbia já recebeu, este ano, 1,3 mil milhões de dólares do FMI ao abrigo dos direitos especiais de saque dos países membros.

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