Reconstrução de Gaza é grande oportunidade para economias regionais, diz FMI
As Nações Unidas afirmam que várias nações europeias e árabes, assim como o Canadá e os EUA, parecem dispostos a contribuir para reunir os 70 mil milhões USD necessários para reconstruir Gaza.
O acordo de paz entre Israel e o Hamas, assinado segunda-feira no Egipto, marca o fim de dois anos de conflito armado em Gaza e abre caminho a "uma recuperação económica sustentada na região", afirmou a vice-directora do Fundo Monetário Internacional, Petya Koeva- -Brooks, numa conferência de imprensa à margem das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, em Washington.
Koeva-Brooks, que qualificou o acordo de paz como uma "oportunidade significativa", enfatizou a disponibilidade do FMI para colaborar com a comunidade global para auxiliar a reconstrução de Gaza e de outras economias regionais, como o Egipto e a Jordânia, que sofreram fortemente o impacto da guerra de Israel contra o Hamas.
Embora o Egipto esteja a lutar contra a redução das receitas do Canal do Suez devido ao conflito, o FMI reviu em alta as projecções de crescimento para o país, para 4,3% em 2025 e 4,5% em 2026, impulsionado pela retoma do turismo e pelo avanço da indústria não petrolífera.
As Nações Unidas afirmaram na terça-feira que várias nações europeias e árabes, Canadá e os EUA, parecem dispostos a contribuir para reunir os 70 mil milhões USD necessários para reconstruir Gaza. A guerra, segundo Jaco Cilliers, funcionário do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), produziu 55 milhões de toneladas de escombros, um volume que equivale a 13 pirâmides de Gizé, por isso, a recuperação pode demorar décadas. No dia da assinatura do acordo de paz, em Sharm el-Sheikh, o Presidente do Egipto, Abdel Fattah al- -Sisi, anunciou que o seu país "vai trabalhar com os Estados Unidos, em coordenação com parceiros, nos próximos dias, para lançar as bases para a reconstrução da Faixa [de Gaza]" e que pretende acolher uma conferência antecipada sobre recuperação, reconstrução e desenvolvimento.
Os planos para transformar Gaza na "Riviera do Médio Oriente", anunciados pelo governo israelita e pelo Presidente Trump, não foram mencionados publicamente nos encontros realizados no balneário egípcio no Mar Vermelho, antes e depois da assinatura do acordo de paz, que não contou com a presença de representantes do governo israelita, nem do Hamas. O acordo prevê o fim da guerra, o estabelecimento de condições para paz duradoura no Oriente Médio e a implantação de um conselho que irá supervisionar Gaza no primeiro momento do pós-guerra.
Na segunda-feira, dezenas de altos funcionários de países do Médio Oriente e da Europa reuniram-se com as principais instituições financeiras globais para negociações no sul de Inglaterra, numa conferência de três dias sobre a reconstrução de Gaza, organizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido.
"Devemos estar prontos para agir - para remover escombros, reconstruir casas e estabelecer infraestruturas, restaurando o acesso à educação e à saúde", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hamish Falconer. Já o gabinete do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também através de um comunicado, deixou claro que o objectivo da conferência era iniciar os "esforços cruciais de planeamento e coordenação para a Gaza do pós-guerra", que seriam liderados pelos palestinianos.