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Escândalo de corrupção da Petrobras pega fogo ao Brasil

AMÉRICA DO SUL

Quase dois milhões de pessoas saíram à rua para protestar contra a corrupção. Protestos espalharam-se por 25 cidades e foram considerados os maiores da década.

 

Grande parte dos partidos políticos brasileiros ficaram 'salpicados' no escândalo de corrupção da Petrobras, o chamado 'Petrolão', que abala o país e no qual até os presidentes do Parlamento e do Senado, aliados de Dilma Rousseff, são visados.

Na cidade de São Paulo, o 'coração' económico do país, 1,5 milhões de manifestantes desceram a Avenida Paulista com cartazes e palavras de ordem contra a corrupção, o partido do governo (PT) e contra a presidente Dilma Rousseff.

"Fora PT" e "Fora Dilma" foram as palavras de ordem incessantemente gritadas por manifestantes de diversas origens políticas que aderiram ao gigantesco protesto nacional. Na segunda-feira, era impossível ignorar que, a somar à crise económica, a presidente, que preferiu resguardar-se e mandatar dois ministros para reagirem aos protestos, tinha também em mãos uma enorme crise política.

O Palácio do Planalto não se pronunciou durante os protestos. No domingo à noite, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Presidência, Miguel Rossetto, comentaram a turbulência que varreu o país durante o dia. Rossetto considerou que os protestos partiram de um sector que não votou na presidente Dilma, mas qualificou-os como "legítimos".

"As manifestações contrárias ao governo são legítimas. O que não é legítimo é o golpismo, a intolerância, o impeachment infundado que agride a democracia", disse. Os dois governantes revelaram que a presidente anunciará "nos próximos dias" um conjunto de medidas de combate à corrupção e à impunidade.

A chamada 'lista de Janot', nome do procurador-geral - Rodrigo Janot - responsável pelo processo, inclui os nomes de 48 políticos, dos quais 34 deputados, a maioria pertencentes à coligação no poder, acusados de recebimento ilícito de fundos desviados da Petrobras. Oito destacados membros do PT são visados, entre os quais o tesoureiro e dois antigos chefes de gabinete de Dilma Rousseff.

Mas nem sequer a oposição escapa, já que um senador das fileiras do Partido Social Democrata (PSDB) de Aécio Neves também é acusado de envolvimento no escândalo. Enquanto os dois ministros de Dilma concediam uma entrevista colectiva, milhares de pessoas em diversas localidades faziam barulho com tachos e apitos, ignorando a mensagem governamental.

Dilma Rousseff parece ter perdido a ligação afectiva e a credibilidade de que gozava junto de uma parte substancial dos seus concidadãos e vai ter de restaurar esse laço de confiança, rompido em apenas três meses do seu 2.º mandato.

Após as manifestações de domingo, a semana começou mal para a presidente, que mal pode respirar. A corrupção não sai da agenda nem dos noticiários. Na segunda-feira de manhã, voltou à prisão o ex-director de Serviços da Petrobras, Renato de Souza Duque, no âmbito da 10.ª fase da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, baptizada 'Que país é esse?'.

Sem contornar a crise política, o governo terá dificuldades acrescidas para reanimar a anémica economia, que regista uma queda de 1,5% no PIB este ano. Para agravar o panorama, a inflação deverá ultrapassar os 8%, muito acima do limite de 6,5% pretendidos pelo executivo.

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