Fitch baixa "rating" de Cabo Verde e prevê dívida pública superior a 100% do PIB em 2015
A Fitch Ratings indicou que a dívida pública de Cabo Verde, prevista em 2014 para 98% do PIB, está a crescer "mais depressa que o previsto" e desceu o "rating" do BB- atual para B.
Segundo o relatório da agência de notação financeira, divulgado na sexta-feira, a dívida pública cabo-verdiana poderá subir para 115% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e atingir os 120% em 2017.
No documento lê-se que a dívida está a crescer de forma mais rápida do que o previsto, "o que aumenta o risco da sustentabilidade da dívida".
A Fitch refere que as previsões do Governo de arrecadação de impostos têm sido "demasiado otimistas" nos anos recentes e que a tendência parece continuar, uma vez que, refere, o Orçamento do Estado para 2014 baseia-se numa perspetiva de crescimento "bastante inflacionada".
Na análise é referido que a economia tem estado a funcionar "muito abaixo do esperado" e que continuará "fraca" nos próximos tempos.
O PIB cabo-verdiano, prossegue a Fitch, está "estagnado", sobretudo devido à perda de poder de compra dos cidadãos, à "queda" das remessas e ao "residual" investimento direto estrangeiro. Apenas no turismo houve aumento das receitas.
No relatório, a Fitch prevê que, este ano, o crescimento económico se fique por 1%, ao mesmo tempo que aumentarão as dificuldades do Governo na consolidação da dívida pública.
A Fitch referiu ainda que continuam as dúvidas sobre o histórico do PIB nacional, uma vez que as últimas contas nacionais remontam a 2011.
Sexta-feira, a ministra das Finanças cabo-verdiana, Cristina Duarte, na cerimónia que assinalou o terceiro aniversário da tomada de posse do Governo, voltou a desdramatizar a questão da elevada dívida pública, lembrando que grande parte dela é concessional, ou seja, de baixa taxa de juro e de longa duração.
Nesse sentido, garantiu que a sustentabilidade da dívida está assegurada, lembrando que é essa também a posição das instituições financeiras internacionais, como os casos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM).
A oposição cabo-verdiana, por seu lado, tem vindo a reclamar que a previsão da dívida pública de 98% para 2014 é "enganadora", uma vez que não tem em conta a "adstringente", ligada à empresas públicas, "tecnicamente falidas" o que, reivindica, já a elevou para valores entre os 110% e os 115%.
A 08 de abril de 2013, após ter divulgado o relatório referente a 2012, a Fitch desceu o "rating" de Cabo Verde de uma posição "estável" (B-) para "negativa" (BB+), tendo em conta um crescimento "significativamente mais fraco" do que as previsões do PIB, lembrando que a estimativa para o crescimento médio do PIB real de 2012 desceu quase para metade, passando dos 5,1% previstos para os 2,6%.
Lusa/Expansão