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Mundo

Raças, um conceito social antiquado

Evolução

Os cientistas estimam que 99,9% dos genes humanos são iguais em qualquer pessoa. Inclusivamente, dos restantes 0,1% que podem apresentar variações, só 10% deles estão relacionados com a aparência física e cor da pele, resultado apenas do processo evolutivo dos seres humanos perante as necessidades de adaptação às condições ambientais em que viveram. Logo, não existem raças humanas, mas uma única raça, que surgiu em África.

O conceito de raça não tem validade alguma na espécie humana. Os estudos do genoma humano evidenciam que os seres humanos constituem uma só espécie biológica. As diferenças físicas entre os humanos são imensas, porém a ciência comprovou, através do Projecto Genoma, que mesmo com essas diferenças a espécie humana é única. Não importa se a sua pele é negra ou branca, se os seus olhos são arredondados ou rasgados, se os seus cabelos são lisos, crespos, pretos ou loiros - todos fazemos parte da mesma espécie.

As diferenças físicas encontradas nos seres humanos resultam apenas do seu processo evolutivo diante das necessidades de adaptação às condições ambientais em que viveram. Afinal, uma selecção natural. Os cientistas suspeitavam há muito que as categorias raciais reconhecidas pela sociedade não se reflectem no plano genético. Quanto mais de perto os investigadores investigam o genoma humano - o material genético incluído em quase todas as células do corpo -, mais se convence a maioria deles de que as etiquetas habituais utilizadas para distinguir as pessoas pela sua 'raça' têm muito pouco ou nenhum significado biológico. A inexistência das raças biológicas ganhou força com as recentes pesquisas genéticas.

Os geneticistas descobriram que a constituição genética de todos os indivíduos é semelhante o suficiente para que a pequena percentagem de genes que se distinguem (que inclui a aparência física, a cor da pele, etc.) não justifique a classificação da sociedade em raças. Essa pequena quantidade de genes diferentes está geralmente ligada à adaptação do indivíduo aos diferentes meios ambientais. Assim, o homem saiu da África e chegou à Ásia, e de lá foi para a Oceânia, para a Europa e, por fim, para a América.

Nas regiões menos ensolaradas, a pele negra começou a bloquear de mais os raios ultravioleta, sabidamente nocivos mas essenciais para a formação da vitamina D, necessária para manter o sistema imunológico e desenvolver os ossos. Por isso, as populações que migraram para regiões menos ensolaradas desenvolveram uma pele mais clara para aumentar a absorção de raios ultravioleta. Portanto, a diferença de coloração da pele, da mais clara até à mais escura, indicaria simplesmente que a evolução do homem procurou encontrar uma forma de regular nutrientes.

Os investigadores afirmam que embora possa parecer fácil dizer à vista desarmada se uma pessoa é caucasiana, africana ou asiática, a facilidade desaparece quando se comprovam características internas e se rastreia o genoma do ADN em busca de sinais relacionados com a 'raça'. Até o mais famoso e conhecido geneticista do mundo actual, John Craig Venter, diz que "a raça é um conceito social, não científico. Todos evoluímos nos últimos 100 mil anos a partir do mesmo grupo reduzido de tribos que emigraram da África e colonizaram o mundo".

Não há raças, há espécies humanas

Ao espalharem-se pelo mundo, os humanos só tinham uma arma para enfrentar uma grande variedade de ambientes: a sua aparência. Perante o calor excessivo, a altura ajuda a evaporar o suor, como é o caso dos quenianos.

O cabelo encarapinhado ajuda a reter o suor no couro cabeludo e a arrefecê-lo; o oposto vale para as populações das regiões mais frias do planeta. O corpo e a cabeça dos mongóis, que se desenvolveram por lá, tendem a ser arredondados para guardar calor, o nariz, pequeno para não congelar, com narinas estreitas para aquecer o ar que chega aos pulmões, e os olhos, alongados e protegidos do vento por dobras de pele.

Os cientistas afirmam que os traços geralmente mais utilizados para distinguir uma 'raça' de outra, como a cor da pele e dos olhos, ou a largura do nariz, são traços controlados por um número relativamente pequeno de genes, e portanto puderam mudar rapidamente em resposta a pressões ambientais extremas durante o curto caminho da história do Homo sapiens.

Cada um de nós é único, e sabemos isso porque podemos identificar perfeitamente um indivíduo pelo seu código genético, a não ser que tenha um gémeo idêntico. Mas, tratando-se de grupos, sabe-se que as diferenças não escondem diferenças genéticas. As populações da África Central e da Papua- Nova Guiné, parecidas fisicamente, pois viveram no mesmo tipo de meio ambiente, têm os patrimónios genéticos mais diferenciados no mundo. É interessante observar como, ao longo da história, as políticas racistas nunca deixaram de pedir à ciência que legitimasse a sua hierarquização social, os seus preconceitos e exclusões.

Muitos foram os cientistas que prontamente se puseram a conceber teorias, instrumentos de medição, critérios e teses que supostamente definiam as características das diferentes 'raças' humanas e formulavam a base de sustentação de uma série de eventos que marcaram a história do homem, da expansão colonial europeia ao Apartheid sul-africano, do segregacionismo norte- -americano ao nazismo.

Eles acreditavam em raças, conjuntos de traços físicos e psicológicos distintos, hereditários. Mas a noção de raça acabou desacreditada pelos biólogos que, bem antes de 1960, determinaram a variabilidade genética nos grupos humanos. Defenderam que as diferenças físicas entre as pessoas foram marcadamente construídas ao longo de milhares de anos pelo processo de selecção natural e regidas pelas condições climáticas e ambientais das diferentes regiões do mundo.

Conforme se observou no Projecto Genoma, as diferenças genéticas entre dois indivíduos não chega a 1%, e os cientistas crêem que os traços físicos externos correspondem a apenas 0,01% dos genes, portanto não existem raças humanas, mas, sim, uma única raça que surgiu em África.

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