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Estados Unidos ameaçam purgar a Rússia do sistema financeiro global

Biden e Putin vão conversar sobre a Ucrânia, mas o Presidente dos Estados Unidos envolveu França, Alemanha, Itália e Reino Unido

Hoje é o dia em que Presidente dos Estados Unidos e o Presidente da Federação Russa vão conversar frente-a-frente, ainda que virtualmente, para dar início as hostilidades o tema é a Ucrânia, no final espera-se moderação e bom senso, apesar da ameaça de isolar a Rússia no sistema financeiro global

Na véspera da conversa com Putin, Biden falou ao telefone com vários líderes ocidentais para criar uma frente unida na questão ucraniana, e numa altura em que se avança com a possibilidade de ser impostas à Rússia severas sanções caso se confirme que a concentração de tropas na fronteira ucraniana tem um único fim, invadir de forma mais definitiva a Ucrânia e fazer soçobrar Kiev que resiste à hegemonia de Moscovo com o apoio da União Europeia e dos Estados Unidos.

O Presidente dos Estados Unidos consultou os líderes da França, Alemanha, Itália e Reino Unido esta segunda-feira e "discutiram a preocupação comum sobre a presença do exército russo nas fronteiras da Ucrânia", de acordo com uma fonte da Casa Branca.

A administração norte-americana acusa a Rússia de se preparar para uma incursão militar na Ucrânia numa altura em que tem 175 mil soldados em sua fronteira dos dois países, numa potencial escalada do conflito que começou com a anexação da Crimeia por Moscovo em 2014.

Por agora, e ainda de acordo com a Casa Branca, a diplomacia "é a única forma de resolver o conflito", e nesse sentido vão também os aliados europeus dos Estados Unidos.

"Com respeito às sanções financeiras, temos mantido discussões intensas com nossos parceiros europeus sobre o que faríamos colectivamente no caso de uma grande escalada militar russa na Ucrânia", acrescentou o funcionário da Casa Branca aos jornalistas.

Emmanuel Macron, o Presidente francês, falou em nome dos líderes europeus, e num comunicado emitido pelo Palácio do Eliseu assegurou que "os cinco chefes de Estado e de governo expressaram sua determinação de que a soberania da Ucrânia seja respeitada e declararam seu compromisso em agir para manter a paz e a segurança na Europa".

Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, também conversou com Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, esta segunda-feira e reiterou o "apoio inabalável de Washington à soberania da Ucrânia diante da agressão russa", segundo nota do Departamento de Estado.

A possibilidade de novas hostilidades na região de Donbasse, no leste da Ucrânia é tida pelos serviços de informação como "real", o que poderá agudizar ainda mais um conflito que já matou mais de 14 mil pessoas.Imagens de satélite mostram as tropas russas reunidas no campo de treinos de Pogonovo, não muito longe da região de Donbass, na Ucrânia.

Putin argumenta que quer garantias da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte/OTAN) de que não colocaria mais armas na Ucrânia e de que a própria Ucrânia não seria integrada na NATO - nos últimos anos vários países de leste o têm feito - caso tal aconteça, Moscovo toma isso como "ultrapassadas as linhas vermelhas" e sente-se no direito de ripostar. O Kremlin acusa ainda os países do Ocidente de financiarem a modernização do exército ucraniano e toma a NATO. Uma estratégia que vem de longe, diga-se, a NATO é o maior empecilho de Putin ao seu projecto euro-asiático.

Uma das sanções que podem ser impostas à Rússia é retirar o país do sistema bancário Swift - o que tornaria mais difícil para a Europa a compra de petróleo e gás russos que são parte substancial do fornecimento de energia do continente europeu. Sendo que a Casa Branca deixou escapar que haverá "graves consequências" - e elas passam por isolar a Rússia, deixando-a de fora do sistema financeiro global - no caso de invasão da Ucrânia.

Seja como for, os analistas esperam que Vladmir Putin emita um ultimato na conversa com Biden, centrada justamente na questão do papel da NATO no conflito entre a Rússia e o seu vizinho ucraniano. E avançam que o Kremlin exigirá mesmo garantias escritas.

Mas funcionários da NATO olham com cepticismo para esta proposta, uma vez que reconhecem a cada Estado membro a soberania para decidir sobre questões que envolvem a sua segurança. E rejeitam a possibilidade de "as linhas vermelhas" serem estabelecidas por Moscovo de forma unilateral.

Também por isso, acredita-se que as eventuais sanções à Rússia serão, sobretudo, económicas, mesmo que uma invasão da Ucrânia possa levar os Estados Unidos a enviar "forças e capacidades adicionais" aos seus aliados da NATO no flanco oriental da Europa.

Temos, então, e primeiro, o isolamento económico e financeiro, o que não significa que a seguir não haja um incremento do poderio militar da NATO na Ucrânia ou mesmo uma evolução num sentido mais bélico.

O secretário de Defesa norte-americano Lloyd Austin está particularmente atento os acontecimentos na fronteira ucraniana, disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby, aos jornalistas. "Não há motivo para isso terminar em conflito ou invasão", disse Kirby.

No entanto, os analistas consideram que Putin não está a fazer bluff e que pondera efectivamente uma intervenção militar na Ucrânia, também porque consideram que neste conflito se joga "uma questão de sobrevivência política" para Putin, que está no Kremlin há mais de 20 anos e, continuam os especialistas, se transformou num líder "paranoico".