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Visita de Kamala Harris ao Gana "desbloqueia" negociações da dívida

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Um dia depois de a vice-presidente dos EUA anunciar apoio de 139 milhões USD ao Gana, o governo de Akufo-Addo e os detentores das obrigações externas anunciaram avanços nas negociações de uma dívida de mais de 13 mil milhões USD. Pormenores estão cobertos por acordo de não divulgação.

Os EUA vão fornecer um apoio de 139 milhões USD em assistência financeira bilateral ao Gana, no ano fiscal de 2024, e vão destacar um consultor do Departamento do Tesouro dos EUA, a tempo inteiro, em 2023 para ajudar o Ministério das Finanças do Gana a "desenvolver e executar reformas de médio e longo prazo para melhorar a sustentabilidade da dívida e apoiar um mercado de dívida competitivo e dinâmico", anunciou a Casa Branca, na segunda-feira, no início da visita da vice-presidente, Kamala Harris, que termina na Zâmbia, a 2 de Abril, e que passará também pela Tanzânia.

Durante um encontro com o Presidente Nana Akufo-Addo, Kamala Harris anunciou ainda o compromisso dos EUA de apoiar os esforços do governo junto do FMI para alívio da dívida soberana e pediu aos credores externos que forneçam uma redução significativa da dívida do Gana.

"Reconheço os desafios que os ganenses estão a enfrentar, especialmente após a pandemia da Covid-19 e as interrupções causadas pela invasão russa à Ucrânia. Congratulamo-nos com o compromisso do Gana de reformar a sua economia para proporcionar um crescimento sustentável e inclusivo", afirmou a vice- -presidente dos EUA, numa conferência de imprensa, segunda- -feira. Um dia depois, o governo ganês e os detentores de obrigações externas anunciaram avanços nas negociações de uma dívida avaliada em mais de 13 mil milhões USD, em prazos que vão de 2023 a 2061, mas não divulgaram pormenores por estarem vinculados a um acordo de não divulgação assinado no início do mês, segundo a Reuters.

O Gana, que enfrenta a sua pior crise em décadas, procura reestruturar a sua dívida junto dos credores privados, uma condição essencial para o FMI aprovar um Programa de Financiamento Ampliado, de 3 mil milhões USD.

A visita de Harris ocorre numa altura em que se desdobram as visitas de líderes políticos dos EUA ao continente, numa tentativa para travar a influência da China em África. Dias antes, o ministro das Finanças do Gana esteve na China, para negociações com vista à reestruturação da dívida bilateral.

Segundo a Africa Defense Forum, o Gana é um dos países africanos que mais devem à China, numa lista liderada por Angola. Em causa empréstimos superiores a 17 mil milhões USD para a construção de diversos projectos de infraestruturas.

Obsessão pela China

"Pode haver uma obsessão nos EUA sobre as actividades chinesas no continente. Mas não existe essa obsessão aqui", disse Akufo-Addo, quando foi feita uma referência à presença chinesa em África.

A China "é um dos muitos países com os quais o Gana está envolvido", frisou Akufo-Addo, descartando as preocupações sobre os investimentos chineses.

OS EUA anunciaram ainda, no arranque do périplo de Kamala Harris pelo continente, 139 milhões USD em assistência financeira bilateral ao Gana, no ano fiscal de 2024, no quadro dos apoios para promover a estabilidade dos países de África Ocidental, entre os quais se inclui o Benim, Costa do Marfim, Guiné e Togo.

A visita de Kamala Harris a África ocorre na semana em que decorre em Washington a 2ª Cimeira das Democracias do mundo, uma iniciativa do Presidente Joe Biden, para o qual foram convidados chefes de diplomacia de um "grupo de países regionalmente diversificado", com o objetivo de haver diferentes perspectivas, segundo o programa da reunião divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano.

Os EUA não revelaram os países de origem dos ministros dos Negócios Estrangeiros, mas sabe- -se que entre os 120 convidados não constam a Rússia nem a China, estando prevista no entanto uma intervenção do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Oito países são convidados pela primeira vez, por Washington considerar que fizeram progressos a nível democrático, encontrando- se entre eles a Mauritânia e Moçambique. De África, estará também presente o chefe da diplomacia da Zâmbia, onde termina a visita da vice-presidente norte- americana, a 2 de Abril.