Angola e os caminhos da industrialização
Os caminhos que levarão à industrialização de Angola foram tema de debate e análise trazido à liça pelo Executivo angolano, iniciativa do Departamento Ministerial reitor do "métier" da Indústria, onde foram afloradas as "questões locais" por especialistas angolanos e dada a conhecer a experiência estrangeira, com particular realce do Brasil, em Novembro de 2013.
Antes de discorrer sobre os temas apresentados nos em vários painéis, importa seguir as pegadas do fulcro da conferência: caminhos de industrialização. Não obstante as variadas interpretações e significados aplicados ao conceito e de acordo com o ramo reivindicativo da ciência, grosso modo, pode-se entender como caminho o percurso a seguir até determinado destino.
No caso específico, as vias que acarretam consigo pressupostos que levarão Angola a tornar-se um país industrializado; palavra derivada de indústria (actividade baseada na transformação de matéria-prima em produtos, pela via da maquinaria, da tecnologia e do homem), entendida como um processo que leva o país a transformar a maior parte dos recursos naturais disponíveis.
Suportado pelo leitmotiv acima, o conteúdo discursivo da conferência percorreu três painéis: A Indústria e o Desenvolvimento; Factores Críticos de Sucesso para a Industrialização de Angola e Estratégia e Política Industrial, respectivamente, onde estiveram em evidência assuntos sobre os clusters industriais e a economia em rede, a problemática da produtividade da economia angolana, as infra-estruturas físicas aliadas ao conhecimento para o desenvolvimento industrial, a inovação, tecnologia e cooperação industrial/sistema de ensino, a competitividade no subsector da indústria transformadora nacional e a experiência brasileira sobre competitividade, a política industrial e a produção local do estado do Paraná.
Mas, afinal, que caminho(s) seguir para a (re)industrialização do País? Que função ou papel desempenham os agentes económicos no processo de (re)industrialização de Angola? Aliada a economia à gestão, depreende-se que, antes de traçar os caminhos (acção presente que visa alcançar resultados vindouros), deve-se "olhar pra trás" no sentido de compreender o presente e então alinhavar o futuro.
Quer isto dizer que as referências sobre o processo de industrialização de Angola devem ser levadas em consideração antes de qualquer outra acção. Avaliada a sua importância e utilidade no contexto actual, é sobre ela que incidirá a acção presente com implicações no futuro, sustentado pelo princípio da escassez em função das necessidades, a prioridade. Sabe-se que o processo de industrialização de Angola pré-guerra civil, apesar da fase embrionária, incidia consideravelmente na indústria ligeira (alimentação e bebidas, calçado e têxtil, tabacos, cerâmica, etc.) e tinha menor incidência na indústria pesada. Será este o modelo ou perfil a seguir? Quais os fundamentos que justificam as opções e/ou orientações em contrário?
As respostas revelam-se inequívocas em razão da disposição territorial, da condição do solo e do clima e da necessidade do "alimento" como assunto de soberania e segurança de Estado e o combate à fome e à pobreza estar na agenda das prioridades do Executivo. Considerando o propósito da diversificação da economia no sentido de diminuir a "petrodependência" da economia nacional, sendo o PND uma ferramenta que responde a este propósito, o caminho que se afigura "viável e acessível" com o concurso dos actores-agentes passa necessariamente por: Estado:
Catalogação e mapeamento das zonas de actividade ligadas ao sector primário (agricultura, pecuária, pesca, etc.);
Catalogação e mapeamento das zonas de implementação dos parques industriais;
Construção de infra-estruturas fundamentais para implementação dos projectos ligados ao sector primário e secundário (estradas, energia e água);
Criação de elos de proximidades entre ambas as zonas;
Criação de estímulo ao investimento; Capacitação profissional (básica, média e superior) dos quadros existentes.
Elaboração de política e estratégia de relançamento industrial. Banca e outras instituições financeiras
Disponibilidade de produtos financeiros de fomento ao investimento, ajustados às directrizes do Executivo e ao contexto no domínio da agro-indústria transformadora; Acessibilidade, celeridade ao financiamento atractivo;
Monitoramento a execução do investimento financiado. Empresas-Empresários
Implementação dos projectos ligados ao sector primário;
Implementação dos parques industriais de acordo com a sua "vocação", capacidade técnico-profissional de realização;
Política de boa gestão;
Programa de crescimento empresarial amplo (recursos tecnológicos e humanos). Exterior
Recurso ao exterior, das ferramentas (recursos materiais e humanos) necessárias e imprescindíveis à implantação industrial;
Recurso ao exterior para aquisição de know-how e expertise aos quadros nacionais. Para a prossecução de tal desiderato e no estágio primário do processo de (re)industrialização de Angola, os aspectos acima, acoplados aos subsídios apresentados pelos ilustres prelectores ao evento, revestem-se de suma importância e de grande valia, a sua adopção é vivamente recomendada, claro está, equacionados os estágios de implementação em obediência ao contexto.
(Re)industrializar Angola é um imperativo, diversificar a economia é uma necessidade, trilhar os caminhos do crescimento rumo ao desenvolvimento para alcançar o bem-estar e a prosperidade é uma ambição.