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Opinião

Outubro Rosa: Qual o impacto do cancro nas finanças familiares?

CONVIDADA

O cancro da mama não é apenas uma questão médica. É uma batalha humana que atinge também as finanças e o coração das famílias. Cuidar é também prevenir, e prevenir é cuidar do corpo, mas também proteger o futuro financeiro. Devemos apoiar e garantir que ninguém lute sozinha, nem contra a doença, nem contra as despesas médicas.

Falar do Outubro Rosa é falar do cancro da mama. Ninguém está à espera que nos aconteça, mas quando o diagnóstico chega, a vida muda de um dia para o outro. A rotina para os planos são adiados e o coração aperta.

Para muitas famílias angolanas, o impacto do cancro da mama vai além da dor emocional, ele atinge directamente o bolso.

Entre consultas, exames e tratamentos, as despesas crescem enquanto o rendimento familiar diminui. É uma luta pela saúde, mas também pela sobrevivência financeira.

Outubro Rosa fala de prevenção, mas há um lado do cancro que poucos abordam: o impacto nas finanças das famílias. Quando uma mulher é diagnosticada com cancro da mama, a luta não é somente pela saúde, é também pela estabilidade económica.

Os custos começam cedo: consultas, exames, medicamentos, cirurgias e tratamentos que podem ultrapassar o rendimento anual de muitas famílias. Ao mesmo tempo, a paciente deixa de trabalhar e alguém da família (marido, filho, irmã) precisa de acompanhá-la, afastando-se também do emprego.

Resultado? Menos dinheiro a entrar e mais despesas a pagar.

Mesmo com o apoio do Centro Nacional de Oncologia, o acesso é limitado e as listas de espera são longas. Nos hospitais privados, o tratamento é caro e inacessível para a maioria. Para quem vive fora de Luanda, os custos aumentam ainda mais com a viagem, o alojamento e a alimentação tornando o processo ainda mais pesado.

A falta de poupança e de seguros de saúde agrava a situação. Muitas famílias contraem dívidas, vendem os poucos bens que possuem ou dependem de campanhas solidárias para custear o tratamento.

Mas é possível pensar em caminhos que devem ser preparados com antecedência:

l Criar uma pequena poupança de emergência pode fazer diferença;

l Criar o hábito de participar nos rastreios gratuitos para diagnóstico precoce e menos custos com tratamento;

l O Estado pode investir mais em mamografias gratuitas, licenças especiais e subsídios para pacientes e cuidadores;

l As empresas podem incluir cobertura oncológica nos seguros de saúde e flexibilizar o trabalho de quem cuida.

O cancro da mama não é apenas uma questão médica. É uma batalha humana que atinge também as finanças e o coração das famílias. Cuidar é também prevenir, e prevenir é cuidar do corpo, mas também proteger o futuro financeiro. Devemos apoiar e garantir que ninguém lute sozinha, nem contra a doença, nem contra as despesas médicas.

E lembre-se, cada diagnóstico precoce evita sofrimento, mas também protege o bolso e o futuro financeiro da família.

*Márcia Coelho, Especialista em educação financeira

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