Em algumas grandes, médias e pequenas economias, a inflação tem tido uma trajectória crescente. Nos EUA, a inflação, medida pelo Personal Consumption Expenditures (PCE), subiu 5% em ritmo anual no mês de Outubro, representando o maior avanço desde 1970 (ver gráfico). Na Zona Euro (ZE), segundo dados do BCE, a inflação medida pelo Harmonised Index of Consumer Prices (HICP) registou alta de 4,1% em Outubro e 4,9% em Novembro de 2021, a mais expressiva em 13 anos, e no Reino Unido a inflação foi de 4,2%, sendo que a semelhança ocorre em noutras tantas geografias.

As origens da inflação nos EUA, na ZE e noutras grandes economias remontam a 2020, ano em que a pandemia da Covid-19 afundou a economia global. Com a adopção do lockdown horizontal houve barreiras à mobilidade, choques na cadeia global de produção e de distribuição e a oferta agregada global entrou em depressão. No gráfico abaixo vê-se que o Índice de Produção Industrial (IPI) dos EUA decresceu em Março (5,3%), Abril (17%), Maio (16%) e Junho (11%). Em alguns países da Zona Euro, o IPI afundou de forma mais gravosa, na Itália, por exemplo, foi 28% em Março e mais 21% em Abril.

Com a drástica perda de empregos em todo mundo, o rendimento pessoal foi caindo e com efeito a procura agregada foi significativamente afectada, o que regou excessos de oferta (as empresas tinham produtos em excesso por vender e não conseguiam colocar no mercado pela baixa procura) fazendo os preços cair. Nos EUA, não houve inflação em Março, Abril e Maio, uma vez que neste período o PCE cresceu em média 0,5% (ver gráfico) e o mesmo aconteceu na ZE, que até registou deflação em Agosto (menos 0,2%) e Setembro (menos 0,35%), segundo dados do BCE. Identificando- se mais insuficiência de procura do que oferta, muitos bancos centrais, para colmatar a situação, expandiram a massa monetária, conforme recomendaria Keynes, caso estivesse vivo.

(Leia o artigo integral na edição 655 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Dezembro 2021, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)