Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Opinião

A sustentabilidade da luta contra inflação passa pelo aumento da produção alimentar

MILAGRE OU MIRAGEM?

Os últimos dados sobre a inflação em Angola divulgados pelo INE mostram uma desaceleração no aumento geral de preços. De facto, o Índice de Preços no Consumidor Nacional registou uma variação de 0.93% em Maio, contudo, no mês de Junho passou para 0.84%.

Não menos importante é notar que os dados do INE também mostram que nos últimos 3 meses a classe "Alimentação e bebidas não alcoólicas" tem sido a que mais contribui para o aumento dos preços no País. O facto de os produtos alimentares estarem a impulsionar o aumento geral de preços em Angola, nesta altura, condiz com o que indicam relatórios produzidos pelas principais instituições financeiras mundiais, como o Banco Mundial.

Os dados disponibilizados no relatório do Banco Mundial sobre os preços das principais mercadorias mostram um aumento geral entre os meses de Janeiro e Junho. Por exemplo, o preço da tonelada métrica do milho passou de 276,62 USD para 335,71 USD, o trigo saiu de 349,7 USD para 419,74 USD enquanto o arroz saiu de 411,27 USD (média dos principais fornecedores, i.e., Tailândia e Vietname) para 431,12 USD. O kilo do açúcar saiu de 0,40 USD para 0,42 USD.

Este aumento geral dos preços dos alimentos nos mercados internacionais deveu-se inicialmente as interrupções na cadeia de fornecimento, devido à pandemia da Covid-19. Quando se esperava uma recuperação global, assistimos agora um outro choque provocado pelo aumento dos combustíveis e, consequentemente, o aumento dos custos de produção e transporte, devido à guerra na Europa.

Claramente que as medidas de curto prazo adoptadas pelo Executivo com vista à redução dos produtos da cesta básica em Angola, pelas razões acima apresentadas, mostram-se pouco sustentáveis. A actual conjuntura mundial faz com que o preço dessas mercadorias suba. Nesta altura, devido ao aumento do preço do barril de petróleo, Angola consegue manter alto os níveis de importação. Todavia, não podemos descurar a possibilidade de o preço do petróleo baixar, sem aviso prévio, e Angola ver-se impossibilitada de manter os níveis de importação, como aconteceu no passado recente.

Visto desta forma, fica claro que para Angola reduzir de forma sustentável a contribuição que a classe "Alimentação e bebidas não alcoólicas" tem no aumento geral de preços, será preciso dinamizar a oferta interna de bens alimentares. Para tal, urge o aumento da produção através do aumento da produtividade e expansão da actividade agrícola.

Tal como explicámos num outro texto, a produção de alimentos, atendendo às alterações climáticas, não pode estar dependente de uma agricultura de sequeiro. Acreditamos que tudo passa pela dinamização dos perímetros irrigados existentes, sem descurar a possibilidade de se criar outros, quer seja pela via do investimento privado (nacional e/ou estrangeiro), investimento público (tirando proveito do aumento das receitas do petróleo) ou mesmo através de parcerias público-privada.

(Leia o artigo integral na edição 684 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Julho de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo