A indiferença, "assim mesmo na normalidade..."
E porque não há comunicação efectiva para com os liderados (ferramenta essencial para a gestão), a primeira reflexão vai para a descoordenação interna que impede a optimização de recursos. Este custo da indiferença impede o diálogo amplo e necessário para a criação de um modelo de governança que permita um melhor e mais eficaz alinhamento dos objectivos colectivos.
Nunca ficou tão óbvio que o velho ditado "os cães ladram e a caravana passa" pudesse ser tão real. Realmente, os velhos ditados, encerram em si sabedoria milenar. Numa altura em que já estamos em contagem regressiva para o final de 2024, e em que os balanços, balancetes e demonstração de resultados da gestão e performance são necessários, a indiferença aos factos, às imagens, aos apelos, mantém-se impecável!
Foi-se mais um ano económico com sabor... de pobreza, desgovernação, desorientação, muito ruído e cada dia menos estabilidade, prosperidade e a tal da esperança! E porque não há comunicação efectiva para com os liderados (ferramenta essencial para a gestão, pois ajuda a alinhar expectativas), a primeira reflexão vai para a descoordenação interna que impede a optimização de recursos.
Este custo da indiferença impede o diálogo amplo e necessário para a criação de um modelo de governança que permita um melhor e mais eficaz alinhamento dos objectivos colectivos. Pois vejamos a demonstração de resultados: A política monetária de secagem de liquidez no mercado .... resultou em inflação, (um paradoxo e uma teimosia em não aceitar que as razões da inflação em Angola têm como uma das principais causas de base as importações).
A repressão fiscal aos diminutos contribuintes(1), em face a um ambiente macroeconómico difícil, todos os dias, ajuda a fechar empresas que são formais, (outro paradoxo quando o objectivo é ampliar a base tributária e melhorar a cultura fiscal). A política fiscal, que é uma das maiores armas de política económica e atractividade de investimento, neste ponto do planeta é repressiva.
Exemplos da eficácia da política fiscal estão em países como os Emirados Árabes Unidos, Mónaco, que nem sequer são estudados. Em África, podemos encontrar nas Seicheles, Ilhas Maurícias, Cabo Verde, onde são oferecidos incentivos fiscais, especialmente nas áreas de turismo e energias renováveis. No caso do Gana, o governo tem trabalhado para atrair investimentos, oferecendo isenções fiscais para empresas em sectores estratégicos, como agronegócio e tecnologia. Seguem-se o Ruanda, Tanzânia Botsuana e Senegal. Não é preciso inventar a roda, o que é preciso é ter estratégia, foco e coordenação de objectivos.
Os números da pobreza, desemprego e natalidade "deixaram" de ser indicadores de política económica (apesar de há uma década a população crescer mais do que o PIB), e para agravar o quadro, a economia não estar a gerar empregos(2). Referimos "deixaram" de ser factores de política económica porque nos balanços, balancetes e demonstração de resultados da gestão as variáveis da natalidade e emprego não estão reflectidas em políticas e programas com acções concretas.
A política da natalidade é um silêncio ruidoso de um milhão de novas almas todos os anos e o emprego e pobreza ficam circunscritos à fotografia de mais um empréstimo internacional para o combate à pobreza..., e aguardam-se milagres. Sobre a dívida pública, o melhor é deixar para outro momento de reflexão. Por agora, é hora de olhar para a demonstração de resultados do final do ano de 2024 e ... tem sabor a pobreza! Não se aceitam mais 50 anos iguais ao que se passaram é preciso sinalizar futuro. Precisamos de sair do potencial ao real. Pelo que voltamos a insistir..
Leia o artigo integral na edição 806 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Dezembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)