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Opinião

O futuro está em África: Do corredor do Lobito para o mundo

CONVIDADO

O domínio sobre minerais estratégicos é uma peça-chave no tabuleiro geopolítico contemporâneo, moldando relações de poder e dependência entre países produtores, refinadores e consumidores.

"O futuro está em África". Esta frase, proferida pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante a sua visita histórica a Angola, entre 2 e 4 de Dezembro de 2024, ressoou como um marco de reconhecimento e um apelo à acção. Para muitos africanos, não foi uma novidade, mas sim a validação de uma verdade já conhecida: o continente africano reúne os elementos necessários para se tornar uma potência global.

O Corredor do Lobito, um dos destaques da visita, simboliza essa promessa. Mais do que uma simples linha ferroviária, ele representa uma plataforma de integração económica e estratégica, conectando Angola, a República Democrática do Congo (RDC) e a Zâmbia. Com o anúncio de um investimento adicional de 600 milhões de dólares por parte dos Estados Unidos, o projecto reforça os laços bilaterais e eleva o investimento total norte-americano no corredor para 4 mil milhões de dólares. Este é um dos maiores esforços de infra-estruturas na África Austral, e promete colocar Angola no centro do comércio global.

A modernização do Corredor do Lobito reduzirá drasticamente o tempo de transporte de mercadorias, de 45 dias para menos de uma semana. Essa eficiência logística posicionará o Porto do Lobito como um hub estratégico, conectando os vastos recursos minerais da RDC e da Zâmbia aos mercados internacionais. O cobalto, essencial para baterias de veículos eléctricos, e o cobre, indispensável para infra-estruturas de energia, são alguns dos recursos críticos que fluem por esta rota.

Além de impulsionar o comércio regional, o projecto integra- -se numa visão mais ampla de desenvolvimento sustentável. Novas iniciativas, como a construção de micro-redes solares e sistemas de dessalinização, fazem parte dos esforços para assegurar uma transição energética responsável. Este modelo alinha-se à crescente necessidade de energia limpa, reafirmando o papel de Angola como um parceiro global na luta contra as mudanças climáticas.

África: O centro de gravidade do século XXI

Com mais de 1,4 mil milhões de habitantes, África é o continente com o maior crescimento popu lacional do mundo. Estima-se que, até 2050, sua população dobrará, e mais de metade terá menos de 25 anos. Este dinamismo demográfico transforma o continente no maior reservatório de força de trabalho jovem e numa potência de inovação global.

Para além do seu capital humano, África é um continente com enormes potencialidades. Detém 30% das reservas minerais globais, incluindo 70% das reservas mundiais de cobalto e recursos críticos como lítio e níquel. Esses minerais são essenciais para a transição energética global, posicionando o continente como um actor indispensável na economia verde do futuro.

Joe Biden reconheceu esta realidade ao afirmar que o sucesso global dependerá da parceria com África, não apenas como fornecedora de recursos, mas como líder e parceira igualitária.

Leia o artigo integral na edição 806 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Dezembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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