O desenvolvimento económico é um processo social global, não podendo ser reduzido a um conjunto de boas receitas de gestão macroeconómica (tal como costumam ser as de natureza neoliberal). Exige, pelo contrário, a criação de uma dinâmica de transformação de toda a sociedade.

Por muito alarido político que se faça (1), Angola ainda é um país subdesenvolvido, sendo essa a sua imagem de marca (o recente Relatório Mundial sobre Inovação - WIPO, World Intelectual Property Organization - coloca o país em último lugar entre 132 investigados, revelando esta posição que é claramente insuficiente tratarem-se de matérias desta natureza apenas ao nível superestrutural, como a existência de um ministério que no seu título agrega a inovação). Mas igualmente porque não se tem conseguido descolar a economia da recessão, também devido à pandemia e à descida do preço do petróleo, mas principalmente por falta de políticas agregadoras da sociedade.

É-se subdesenvolvido porque a maior parte da população está arredada, há muito tempo (desde a independência?), de obter um certo grau mínimo de satisfação das suas necessidades básicas e elementares (François Perroux diria "a cobertura dos custos de reprodução do homem"), porque o que tem prevalecido é um quadro de desigualdade de oportunidades (de educação, de saúde, de emprego, de exercício de actividades remuneradoras, etc.) e porque a participação na ordem económica internacional é dependente (do petróleo, dos financiamento dos empréstimos, das doações).

A conjugação destes três aspectos com o facto de o desenvolvimento ser um processo social global de transformação permite afirmar que o crescimento económico pode casar-se com o aprofundamento do subdesenvolvimento.

(Leia o artigo integral na edição 645 do Expansão, de sexta-feira, dia 08 de Outubro 2021, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)