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Opinião

Damas e donzelas

EDITORIAL

Hoje as donzelas do reino já estão em cargos importantes de decisão de muitos conselhos e instituições e, curiosamente, digo eu, parece que quando elas andam perto as coisas funcionam melhor. Pelo menos com mais rigor e menos "esquemas", pelo menos que sejam perceptíveis. Há sempre excepções, com esta recente polémica do reino em que uma dama da justiça parece que vai ter grandes problemas com essa mesma justiça. O tal hábito da mão estendida e da convicção que quando temos acesso à panela da sopa devemos comer ou fazer take- -away do máximo que pudermos, mesmo que isso provoque graves dores de barriga no futuro.

Esta semana mantenho-me nas notícias deste reino que, juntando os feriados da sua História ao período pascal, avança para duas semanas em que a vida vai estar meio parada, vista do lado de baixo do copo, e meio viva, olhada de cima. Há uns anos, e na tentativa de agradar aos seus cidadãos, habituados durante anos a grandes comemorações, fez aprovar essa lei das pontes. Possivelmente hoje, quando os desafios são cada vez maiores, a competitividade e a produtividade são essenciais para a recuperação económica, não se justifique. Mas isso é muito pouco popular só de pensar, quanto mais de fazer. Por isso pontapé para a frente que um dia alguém há de pensar nisso.

Numa época em que se comemoram as donzelas, não esquecer que elas também têm direito a estas pontes, ou seja, que não se ponha nas suas costas o ónus do descanso, que não podem ser obrigadas a transitar a actividade das suas profissões para os serviços aos seus cavaleiros e respectivos filhos. Aliás, muitas destas donzelas já não estão nessa história de servir, mesmo que a tradição, a cultura e a família muitas vezes as empurrem para uma posição subalterna.

Hoje as donzelas do reino já estão em cargos importantes de decisão de muitos conselhos e instituições e, curiosamente, digo eu, parece que quando elas andam perto as coisas funcionam melhor. Pelo menos com mais rigor e menos "esquemas", pelo menos que sejam perceptíveis. Há sempre excepções, com esta recente polémica do reino em que uma dama da justiça parece que vai ter grandes problemas com essa mesma justiça. O tal hábito da mão estendida e da convicção que quando temos acesso à panela da sopa devemos comer ou fazer take- -away do máximo que pudermos, mesmo que isso provoque graves dores de barriga no futuro.

Mas ainda a propósito das ditas donzelas e damas, gostaria de acrescentar que muita da desconfiança que elas sentem, quando exercem competentemente as suas tarefas, tem a ver com a própria família. Quantas não ouviram "isso é muito complicado para ti, o teu irmão faz!", "isso não é coisa de donzela" ou "a tua felicidade é arranjares um cavaleiro para servir". E aquelas que não têm um valente de armadura para apre[1]sentar são frequentemente discriminadas, em qualquer situação de fragilidade nos relacionamentos, e acusadas da culpa.

Neste reino, as damas fizeram um trabalho importantíssimo de emancipação e as donzelas estão a avançar nas suas conquistas e na defesa dos direitos. E, nesta altura do ano, também especial, queria agradecer profundamente a todas as damas e donzelas que circularam à volta da minha vida e da minha construção tal como sou hoje. Eu sei que é chato admitir, mas elas são o sexo forte. Os cavaleiros só têm mais força...