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Opinião

Eleições gerais (2)

EDITORIAL

Propaganda e marketing político são coisas muitos diferentes, embora muitos achem ou queiram-nos fazer acreditar, que é a mesma coisa.

O preço do barril de petróleo continua simpático e ajuda a moralizar as hostes. Dá outro sorriso a quem tem que fazer as contas do País todos os dias e até parece que afinal está tudo bem. Cria mesmo a moral necessária para avançar com umas "mentirinhas" acerca da conjuntura e abre o caminho a um discurso mais "arrogante".

Especialmente cultivado pelos comentadores do reino e menos pelos governantes, é verdade, mas ainda assim com efeitos que podem ser contrários. Também não é de esperar que em vésperas de eleições, agora se dê destaque aos erros e ao que ficou por fazer, o tempo é de fechar projectos e preparar as inaugurações.

É assim em toda a parte do mundo, e naturalmente que o mesmo acontece no nosso País. Por isso mesmo o papel da comunicação assume uma particular importância, tem que ter contornos diferentes nesta fase pois não há tempo para "voltar" a puxar aqueles que se podem afastar por uma mensagem errada ou pela forma como ela é dita.

E neste aspecto há que destacar mais uma vez a forma como a ministra das Finanças comunica, sem arrogância ou soberba, sem fugir às questões, falando abertamente que existem problemas, sem os maquilhar ou alterar os pressupostos, como fez recentemente na conferência da Blomberg sobre África. E isso não a impediu de fazer o apelo às coisas que boas que também estão a ser desenvolvidas

O País tem problemas de diversificação económica. Claro que tem! Então vamos falar sobre isso e os processos que têm que ser alterados. O País tem o problema da economia informal. Claro que tem! Então vamos olhar de frente e não arranjar factos que não existem, alterar os conceitos de formalização económica e desatar a dizer que formalizámos centenas de milhares de operadores económicos, que na verdade não estão registados na segurança social nem na AGT, mas estão formalizados, porque sim. Porque nós achamos.

Já por diversas vezes escrevi sobre isso, o factor multiplicador do crescimento económico não vêm nas fórmulas, é a confiança. E que confiança é que se pode ter num grupo de pessoas que não privilegia a transparência na comunicação, optando pela propaganda, alterando os pressupostos de análise com a frequência necessária para ir protegendo as suas falhas?

Neste governo temos, claramente, diferenças enormes na forma de comunicar ao nível dos ministérios e também dos ministros de Estado. Façam um exercício comigo, quem são os mais credíveis e os que geram mais simpatia? Os que falam todos os dias sobre os seus feitos, que muitas vezes são de papel, ou aqueles que pontualmente aparecem a falar dos problemas que todos sentimos? Propaganda e marketing político são coisas muitos diferentes, embora muitos achem ou queiram-nos fazer acreditar, que é a mesma coisa.