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Opinião

Eleições gerais (3)

EDITORIAL

Parece-me que os dois principais concorrentes continuam a falar para os seus militantes, dizendo o que estes querem ouvir, esquecendo-se dos indecisos, daqueles que desiludidos ou desinformados, ainda não decidiram em quem ou se vão mesmo votar.

Estamos a três meses das eleições e continuam a faltar projectos para o País. Os concorrentes perdem-se em acusações de legitimidade, fraude mesmo antes de acontecer, provocações mútuas sobre a postura alheia, mas soluções para os nossos problemas, por enquanto, nada. Opções para o crescimento económico, áreas estratégias de desenvolvimento, planos para o sector da educação e saúde, nada.

Para quem está no Poder isso acaba por ser até confortável porque não tem de comparar os seus passos com soluções que poderão apresentar-se como mais inovadoras ou mais cativantes. Para quem quer conquistar a governação, manter uma postura apenas de crítica sobre o processo e a actuação do adversário, pode não ser uma boa solução. Em termos práticos, é preciso trazer ideias e pessoas que gerem credibilidade, porque, como já referi várias vezes, quem vai decidir para onde vai cair a balança é uma enorme massa de cidadãos que precisa mais de respostas do que de crispação.

A três meses das eleições já seria interessante ouvir falar de novas políticas, de programas de governação, de medidas concretas, em vez destas generalidades que, até ao momento, têm caracterizado estes primeiros passos da pré-campanha. Parece-me que os dois principais concorrentes continuam a falar para os seus militantes, dizendo o que estes querem ouvir, esquecendo-se dos indecisos, daqueles que desiludidos ou desinformados, ainda não decidiram em quem ou se vão mesmo votar. E são milhões, pelas conversas que oiço e pelos desabafos que me chegam.

Isso de o MPLA pensar que a segurança da continuidade é argumento suficiente, ou a UNITA achar que apenas o descontentamento e a desilusão lhe pode dar a vitória, parece-me um erro. Como também não me parece nada boa estratégia começar já a pôr o processo em causa, a pegar na bandeira da fraude como arma de arremesso. Como também me parece pouco repetir até à exaustação a luta contra a corrupção e deixar que os órgãos públicos se assumam como veículos de propaganda, sem perceber que o efeito pode ser exactamente o contrário.

Gostaria de ver o debate de ideias. O que cada um pensa sobre o sector da saúde. Como vamos melhorar o sistema de educação, como vamos controlar o despesismo nas empresas e instituições públicas, como vamos organizar os órgãos auxiliares do governo, o que vamos fazer em termos de transição energética, qual deve ser o nosso alinhamento internacional, enfim, essas coisas que têm a ver com a nossa vida, dos nossos filhos e dos nossos netos.

Mas disto, para já, muito pouco...