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Opinião

Eleições gerais (6)

EDITORIAL

As eleições começam verdadeiramente na entrega das listas. É a partir daqui que as lideranças têm que se fazer notar, apagando o fogo da esquerda, pondo a mão por baixo do que cai à direita, explicando convenientemente as opções para que não acha dúvidas entre os seus.

As listas dominam a actividade política do País. Tal como tinha escrito a semana passada, a lista do principal partido da oposição, com a incorporação de ex-militantes e independentes em lugares elegíveis, está a sofrer contestação interna e as ondas de choque já se fizeram notar. Umas públicas, com todos a olhar, outras semi-públicas, com recurso às redes sociais mas sem confirmação dos envolvidos, e outras mais silenciosas, entre amigos e familiares

Tal como já tinha acontecido com a lista do partido maioria, sendo que naquele caso o facto de estarem no poder abranda sempre um pouco as críticas, porque existe sempre a ideia que "mesmo que não chegue a deputado, vai haver outro lugar para mim. E se faço muitas ondas, lá se vai essa possibilidade".

Isso é assim em muitas realidades, especialmente por parte daqueles que não sabem fazer mais nada, que não tem reconhecimento profissional ou capacidade técnica para exercerem um cargo na iniciativa privada que lhes permita ter uma vida similar à que a política lhes oferece. Estes são verdadeiramente os mais "perigosos", porque são capazes de tudo para se manterem com a cabeça fora de água, e muitas vezes são mesmo prejudiciais aos partidos que pertencem, contribuindo para a desmobilização dos seus companheiros, ou estrategicamente largam informações comprometedoras para os seus, dando trunfos aos adversários. E fazem-no sem qualquer pudor.

As eleições começam verdadeiramente na entrega das listas. É a partir daqui que as lideranças têm que se fazer notar, apagando o fogo da esquerda, pondo a mão por baixo do que cai à direita, explicando convenientemente as opções para que não acha dúvidas entre os seus. A este propósito, cabe acrescentar que se o líder não tem esta capacidade, se acha que pode tomar qualquer decisão, fazer qualquer escolha, apenas com a força que o cargo lhe dá, no final, acaba por sair fragilizado.

A este propósito, e mesmo considerando que legalmente as listas não são finais porque a composição está sujeita a aprovação por parte do Tribunal Constitucional, deviam ser públicas. Porque na verdade as informações acabam sempre por transpirar e este ambiente de "limbo" não é bom para o cidadão, que em meu entender deve saber quem são os nomes e os lugares que cada uma das forças políticas propõem para o cargo de deputados desde o momento da 1º escolha.

Por isso vamos ter mais uma ou duas semanas em que a discussão serão as listas, embora me pareça que alguns dos envolvidos estão interessados nesta conversa para desviar o debate da sua essência, as propostas e as ideias para termos um País melhor, mais justo e melhor para todos. Enquanto se discutem as pessoas, não tem que se explicar como é que vai fazer a distribuição da riqueza, como é que se vai acabar com o desemprego, como será a diversificação económica, como é que se vai acabar com a adjudicação directa, como é que se vão cumprir as regras da transparência, etc.